Cuidado integral de pessoas transgênero na atenção primária à saúde : o papel de um Serviço Nacional de Telessaúde no apoio à tomada de decisões clínicas
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2025Autor
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Resumo
Introdução: A população transgênero enfrenta barreiras de acesso estruturais em serviços de saúde públicos e privados. Essa realidade impacta negativamente no cuidado em saúde dessas pessoas, seja por motivos de consulta prevalentes, saúde mental ou supervisão de terapia hormonal. Objetivos: descrever as características, as dúvidas clínicas e os cuidados prestados à população transgênero na atenção primária do sistema de saúde público brasileiro, com base em dados de um serviço de teleconsultor ...
Introdução: A população transgênero enfrenta barreiras de acesso estruturais em serviços de saúde públicos e privados. Essa realidade impacta negativamente no cuidado em saúde dessas pessoas, seja por motivos de consulta prevalentes, saúde mental ou supervisão de terapia hormonal. Objetivos: descrever as características, as dúvidas clínicas e os cuidados prestados à população transgênero na atenção primária do sistema de saúde público brasileiro, com base em dados de um serviço de teleconsultoria de abrangência nacional gratuito entre provedores. Métodos: Este estudo transversal incluiu todas as teleconsultorias (TC) sobre a população transgênero realizadas pelo TelessaúdeRS-UFRGS em colaboração com os serviços de atenção primária à saúde (APS) no Brasil, abrangendo o período de 2015 a 2024. Em uma amostra por conveniência, decidiu-se excluir os dados de 2024 (n = 27), uma vez que estavam disponíveis apenas até março do corrente ano, portanto 752 TCs foram analisadas. Os critérios de exclusão adotados foram duplicações, dados incompletos ou preenchimento inadequado, teleconsultas canceladas ou que abordaram outros temas. Os dados foram expressos como média e desvio-padrão (média ± DP) ou mediana e intervalo interquartil (mediana ± IIQ) para as variáveis contínuas, e em frequências absolutas e relativas para as variáveis categóricas. Foram descritos o perfil das pessoas transgênero (por exemplo, identidade de gênero, idade, uso autônomo de hormônios, entre outros), os principais motivos das chamadas realizadas por profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS), bem como o perfil dos profissionais solicitantes e consultores. Resultados: Dentre as TCs discutidas, 514 (68,4%) resultaram em orientação para encaminhamento a um centro de saúde de alta complexidade e 501 (71,4%) trataram de discussões clínicas. As principais dúvidas dos profissionais da APS sobre o cuidado à saúde de pessoas transgênero envolveram exames de monitoramento (64,9%) e manejo da terapia hormonal (49,7%). Além disso, entre os pacientes que faziam uso autônomo prévio de hormônios, 82,6% dos designados masculinos ao nascimento utilizavam formulações não indicadas cientificamente de hormônios femininos, enquanto 85,5% das designadas femininas ao nascimento utilizavam testosterona de formulações padronizadas, condizente com o guia do TelessaúdeRS-UFRGS de 2022. Conclusões: Este estudo observou uma demanda crescente por cuidados de saúde para pessoas transgênero. A maioria dos pacientes é composta por indivíduos jovens e a proporção entre os sexos atribuídos ao nascimento é semelhante. As principais dúvidas dos profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) referiram-se à terapia hormonal, aos exames de monitorização e ao encaminhamento para serviços especializados. Apesar da premência de mais pesquisas, as teleconsultorias podem representar um recurso valioso à qualificação da assistência à saúde da população transgênero, especialmente no âmbito da APS, contribuindo para avanços em um campo ainda em evolução e permeado por desafios sócio-políticos. ...
Abstract
Introduction: The transgender population faces structural access barriers in both public and private healthcare services. This reality negatively impacts their healthcare, whether related to prevalent consultation reasons, mental health, or hormone therapy supervision. Objectives: This cross-sectional study aims to describe the characteristics, clinical inquiries, and care provided to the transgender population within the primary healthcare setting of the Brazilian public health system, based o ...
Introduction: The transgender population faces structural access barriers in both public and private healthcare services. This reality negatively impacts their healthcare, whether related to prevalent consultation reasons, mental health, or hormone therapy supervision. Objectives: This cross-sectional study aims to describe the characteristics, clinical inquiries, and care provided to the transgender population within the primary healthcare setting of the Brazilian public health system, based on data from a large free teleconsultation service for healthcare providers. Methods: The study included all teleconsultations (TCs) regarding the transgender population conducted by TelessaúdeRS-UFRGS in collaboration with primary healthcare services (PHS) in Brazil, covering the period from 2015 to 2023. In a convenience sample, it was decided to exclude data from 2024 (27), as they were only available until March, therefore a total of 752 TCs were analyzed. The exclusion criteria were duplications, incomplete or poorly completed data, canceled teleconsultations or those addressing other topics. The data were expressed as mean with standard deviations (mean ± SD) or medians with interquartile ranges (median ± IQR) for the continuous variables and absolute and relative frequencies for the categorical variables. It described the profile of transgender people (eg. gender, age, autonomous hormone usage, etc), the main reasons for PHC professional calls, profile of providers and consultants. Results: Among the TCs analyzed, 514 (68.4%) resulted in referrals to high-complexity healthcare centers, and 501 (71.4%) involved clinical discussions. The primary concerns raised by PHS professionals regarding transgender healthcare were related to monitoring exams (64.9%) and hormone therapy management (49.7%). Additionally, among patients with prior autonomous use of hormones, 82.6% of those assigned male at birth used non-scientifically recommended formulations of feminizing hormones, while 85.5% of those assigned female at birth used standardized formulations of testosterone, consistent with the TelessaúdeRS-UFRGS 2022 guideline. Conclusions: This study observed a growing demand for healthcare among transgender individuals. The majority of patients were young, and the proportion between sexes assigned at birth was similar. The main concerns of Primary Healthcare (PHC) professionals were related to hormone therapy, monitoring exams, and referrals to specialized services. Despite the need for further research, P2P consultations may represent a valuable resource for improving the quality of healthcare provided to the transgender population, particularly within PHC, contributing to advancements in a field that is still evolving and shaped by socio-political challenges. ...
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