O regime militar sul-coreano : condicionantes, repressão interna e pressão internacional

Abstract

O presente trabalho aborda o período do Regime Militar na Coreia do Sul, entre os anos de 1961-1987. Durante mais de três décadas, a Ditadura Militar implementou uma série de políticas repressivas e de cunho anticomunista, pela bandeira da segurança nacional. Nesse sentido, questiona-se: o regime sul-coreano se pautava exclusivamente em um produto do desenvolvimento capitalista nacional ou serviu como um bastião do anticomunismo no leste asiático? O Regime Militar sul-coreano resultou da estruturação de uma elite política apoiada pelos Estados Unidos, durante a Guerra da Coreia, que sustentou a base capitalista de desenvolvimento ancorada na repressão social interna? Como hipótese, compreende-se que esse período foi fruto não só dos interesses da elite local, formada durante os anos da ocupação japonesa na península, mas também pelo cenário internacional da Guerra Fria, que transformou a Coreia em uma representação da luta entre os dois sistemas socioeconômicos. Assim, para responder ao questionamento proposto, tem-se como objetivo geral compreender as motivações do período político em questão, analisando os eventos a partir da ótica dos limites da autonomia nacional ou da dependência externa. Como objetivos específicos, busca-se compreender o período pré-1961, perpassando a ocupação japonesa, a Guerra da Coreia e o governo de Syngman Rhee como base para a formação da Coreia do Sul; analisar a presidência de Park Chung-Hee, entre 1961-1979 e seus impactos; investigar o novo golpe implementado por Chun Doo-Hwan, tendo o Massacre de Gwangju como evento simbólico que alterou os rumos dos movimentos contestatórios locais. Com esses três objetivos definidos, os quais guiam os capítulos do presente trabalho, foi utilizada a revisão bibliográfica como metodologia central da pesquisa, com o apoio da teoria marxista. A partir de tais elementos, concluiu-se que a hipótese se afirma, uma vez que a formação da elite local, em claro contraste com a realidade vivida pela população, utilizou-se da Guerra Fria para consolidar suas ações estatais repressivas. Ao mesmo tempo, o imperialismo empregado desde 1910 na península avançou até 1987, com a influência dos Estados Unidos, que deu respaldo para que os militares consolidassem seu poder quase que indiscriminadamente.

The present study addresses the period of the Military Regime in South Korea between 1961-1987. For more than three decades, the military regime implemented a series of repressive and anti-communist policies under the banner of national security. In this context, the question arises: was the South Korean regime exclusively a product of national capitalist development, or did it serve as a bastion of anti-communism in East Asia? Did the South Korean Military Regime result from the structuring of a political elite supported by the United States during the Korean War, which sustained the capitalist base of development anchored in internal social repression? As a hypothesis, it is understood that this period was not only the result of the interests of the local elite, formed during the years of japanese occupation on the peninsula, but also shaped by the international context of the Cold War, which transformed Korea into a symbol of the struggle between the two prevailing systems. Thus, to address the proposed question, the general objective seeks to understand the motivations of the political period in question by analyzing events from the perspective of the limits of national autonomy or external dependence. As specific objectives, the study aims to: understand the pre-1961 period, including the japanese occupation, the Korean War, and the Syngman Rhee government as a foundation for the formation of South Korea; analyze Park Chung-Hee’s presidency (1961–1979) and its impacts; investigate the new coup led by Chun Doo-Hwan, with the Gwangju Massacre as a symbolic event that altered the trajectory of local protest movements. With these three defined objectives guiding the chapters of this study, bibliographic review was employed as the central research methodology, supported by Marxist theory. Based on these elements, it was concluded that the hypothesis was correct. The formation of the local elite, in clear contrast to the reality experienced by the population, utilized the Cold War to consolidate its repressive state actions. At the same time, imperialism, which had been present in the peninsula since 1910, persisted until 1987, bolstered by U.S. influence, which provided support for the military to consolidate power almost indiscriminately.