Efetividade do comanejo geriátrico sobre parâmetros de qualidade assistencial em idosos hospitalizados em equipe de cirurgia vascular : um quasi-experimento histórico do tipo antes e depois

Abstract

A população na faixa etária geriátrica cresceu consideravelmente no último século, o que tem gerado necessidade de adaptações em diversas áreas da sociedade, inclusive na saúde. Cada vez mais idosos são submetidos à cirurgia, dessa forma faz parte do processo de aperfeiçoamento do atendimento o acompanhamento de uma equipe de geriatria que está habituada com as demandas específicas relacionadas com o processo do envelhecimento. Isso resulta na divisão na responsabilidade do cuidado do paciente entre uma equipe cirúrgica e uma equipe geriátrica - comanejo geriatria-cirurgia. Evitar iatrogenias através da revisão da prescrição, controlar comorbidades e acompanhar intercorrências clínicas são algumas das atribuições do profissional geriatra designado para cumprir essa função. Há evidências demonstrando efetividade do modelo em cenários de cirurgia ortopédica. Entretanto, evidências a respeito do comanejo geriatra-cirurgião vascular ainda são escassas. Objetivo: Avaliar a efetividade do comanejo em parâmetros de adequação de prescrição e de qualidade assistencial da população idosa. Metodologia: Estudo quasi-experimental, controlado por pareamento. Em março de 2021 foi implementado o protocolo de comanejo geriatria-cirurgia vascular. Pacientes ≥ 75 anos hospitalizados sob cuidados de equipe de cirurgia vascular são avaliados por equipe de geriatria para verificação de vulnerabilidade clínica basal. Aqueles identificados como frágeis e/ou com elevado risco de complicações perioperatórias são mantidos em acompanhamento em formato de comanejo. Pacientes em acompanhamento do comanejo de março de 2021 a julho de 2022 foram comparados com pacientes com características clínicas e sociodemográficas similares internados para equipe de cirurgia vascular em março de 2018 a julho de 2019, selecionados através de pareamento por escore de propensão (EP). Foram avaliados desfechos clínicos e parâmetros relacionados à qualidade de prescrição. O EP foi construído através do pacote específico para o software STATA, versão 18.0. Os pacientes foram pareados através de estratégia de aproximação por mínima diferença do EP. Análises comparativas entre os grupos antes e depois foram executadas através de modelo linear generalizado (GLM) através de regressão logística. Resultados: 81 pacientes foram avaliados em cada grupo. Pacientes no grupo pós-intervenção apresentaram uma maior frequência de redução da carga anticolinérgica durante a internação quando comparados com o grupo controle (OR foi de 2,27 IC 95%: 1,11 a 4,67) e maior prescrição de tromboprofilaxia (OR de de 3,26 IC 95%: 1,48 a 7,21). Não houve diferença estatística significativa nos desfechos clínicos avaliados. Conclusão: O comanejo teve impacto positivo na qualidade de prescrição medicamentosa avaliado pela maior redução na carga anticolinérgica da prescrição e maior frequência de prescrição de tromboprofilaxia.

Over the last century, the number of elderly people has grown considerably, leading to the requirement for adjustments in several sectors of society, particularly in healthcare. As an increasing number of elderly adults undergo surgery, it has become necessary to involve geriatric teams who are well-versed with the particular requirements associated with aging, in order to enhance the quality of care. Geriatric-surgery co- management is a collaborative approach to patient care that involves both a surgical team and a geriatric team. The geriatric team is tasked with a range of responsibilities, including the prevention of iatrogenesis through prescription review, the management of comorbidities, and the monitoring of clinical complications. By working together in this way, the two teams are able to provide a more comprehensive and effective approach to patient care, with a particular focus on the needs of elderly patients who may be at higher risk of complications. This approach highlights the importance of interdisciplinary collaboration in healthcare, particularly in the context of complex patient needs. Evidence indicates the effectiveness of this model in orthopedic surgery scenarios; however, there is still limited evidence regarding geriatric-vascular surgeon co-management. Objective: To assess the impact of co-management on prescription adequacy parameters and quality of care for elderly patients. Methodology: Quasi-experimental study, controlled by pairing. In March 2021, a co-management protocol for geriatric vascular surgery was implemented. Patients who are 75 years old and above and are hospitalized under the care of a vascular surgery team are evaluated by a geriatric team to assess their clinical vulnerability. Those who are identified as frail and/or at high risk of perioperative complications are kept under co-management follow-up. Patients who were under co-management from March 2021 to July 2022 were compared with patients who had similar clinical and sociodemographic characteristics and were hospitalized under the vascular surgery team from March 2021 to July 2022. Pairing was built through propensity score matching (PSM). Clinical outcomes and parameters related to prescription quality were evaluated. The propensity score was constructed using a specific package for STATA software, version 18.0. Patients were matched using a nearest-neighbor strategy based on the minimum difference in the propensity score. Comparative analyses between groups before and after were performed using a generalized linear model (GLM) through a logistic regression analysis. Results: In the study, a total of 81 patients were evaluated in each group. The post-intervention group showed a higher frequency of reduction in anticholinergic burden during hospitalization in comparison to the control group (OR 2.27, 95% CI: 1.11 to 4.67). Additionally, the post-intervention group had a higher prescription rate of thromboprophylaxis (OR 3.26, 95% CI: 1.48 to 7.21). However, there was no statistically significant difference observed in the evaluated clinical outcomes. Conclusion: Co-management had a positive impact on medication prescription quality. This was shown by a greater reduction in anticholinergic burden in prescriptions and a higher frequency of thromboprophylaxis prescriptions.