A obrigatoriedade de história e relações étnico-raciais pós- reforma curricular : epistemologias não brancas dentro do Curso de História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2014-2024)

Abstract

Este trabalho pretende discutir e problematizar como se deu o processo de reforma curricular no curso de História da UFRGS, procurando analisar os aspectos institucionais da discussão, frente a implementação da obrigatoriedade da disciplina de História e Relações Étnico-Raciais. Ancorado em um suporte teórico-metodológico que abarque a história social (Holt, 1995), os estudos críticos da branquitude (Bento, 2022), identidade e representação (Hall, 2008, 2016, 2022) e o entendimento de paraestrutura (Sodré, 2023), se procurou entender as relações e implicações entre estrutura - coletivo - indivíduo no campo do currículo (Silva, 2011). Como recurso metodológico, foram utilizadas as Atas de reunião do Departamento de História, a partir de recortes que abordassem as discussões da reforma curricular, como também demais documentos fornecidos por representantes discentes e docentes no processo de elaboração do novo Plano Pedagógico do Curso. Os resultados encontrados ao final do trabalho foram em primeiro lugar uma formação de professores de história estruturada em uma visão conteudista da história, secundarizando a dimensão pedagógica da formação. Em segundo lugar, foi constatado um padrão de ações coletivas e consequentemente, institucionais que perpetuam pactos da branquitude e não permitem a autorreflexão dentro do corpo docente para com sua prática pedagógica. Por fim, se percebe a adoção epistemológica, por parte dos componentes do curso, de uma produção de conhecimento ainda voltada ao eurocêntrico, na problematização do outro e no pouco engajamento com o componente pedagógico.

This work aims to discuss and problematize how the process of curricular reform took place in the History course at UFRGS, seeking to analyze the institutional aspects of the discussion, in light of the implementation of the mandatory course on History and Ethnic-Racial Relations. Anchored in a theoretical-methodological framework that encompasses social history (Holt, 1995), critical studies of whiteness (Bento, 2022), identity and representation (Hall, 2008, 2016, 2022), and the understanding of para-structure (Sodré, 2023), the aim was to understand the relations and implications between structure - collective - individual in the field of the curriculum (Silva, 2011). As a methodological resource, meeting minutes from the History Department were used, focusing on excerpts that addressed the discussions of the curricular reform, as well as other documents provided by student and faculty representatives in the process of elaborating the new Pedagogical Plan of the Course. The results found at the end of the work were, firstly, a formation of history teachers structured in a content-based view of history, secondarying the pedagogical dimension of training. Secondly, a pattern of collective and consequently institutional actions was found, which perpetuates pacts of whiteness and does not allow for self-reflection within the faculty regarding their practices. Finally, the epistemological adoption by the course's members of a knowledge production still focused on Eurocentrism, in the problematization of the other, and the little engagement with the pedagogical component was observed.