A percepção afetiva de affordances

Abstract

Rob Withagen radicalizou a distinção entre affordances e solicitações em dois aspectos: (i) affordances deixam de cumprir um papel explicativo do comportamento do organismo, apenas solicitações o fazem; (ii) solicitações não são apenas affordances relevantes afetivamente carregadas, elas abrangem também percepções errôneas afetivamente carregadas. Argumento que Withagen foi longe demais. Se entendemos as affordances como uma relação entre as habilidades de um organismo individual e o seu ambiente, então já temos recursos suficientes para incorporar a afetividade. Afetos tanto constituem habilidades perceptuais quanto modulam o seu exercício, de modo que não há percepção de affordance completamente livre de afetividade. Estados afetivos são cruciais para dirigir a nossa atenção para as possibilidades de ações que são relevantes para a atividade em que estamos engajados e para nos dar um senso da qualidade da nossa relação com o ambiente.

Rob Withagen has rendered the distinction between affordances and invitations more radjical in two aspects: (i) affordances do not explain behavior anymore, invitations do; (ii) invitations do not boil down to affectively charged aHordances, they also encompass aHectively charged misperceptions. I argue that Withagen went too far. If we understand affordances as a relation between the abilities of an individual organism and its environment, then we already have sufficient resources to incorporate affectivity in the ecological approach. Affective states constitute perceptual abilities and modulate their exercise, in that every perception of affordance is affectively charged. Affective states are crucial for guiding our aflention to the possibilities of action relevant to the activities in which we are engaged and for providing a sense of the quality of our relationship with the environment.