Intoxicação por Trema micrantha (Cannabaceae) em equinos no Rio Grande do Sul : revisão bibliográfica e relato de caso

Abstract

Trema micrantha (Cannabaceae) é uma árvore popularmente conhecida como grandiúva ou pau-pólvora, encontrada em todo Brasil. Apresenta folhas palatáveis para herbívoros, porém seu consumo está associado, principalmente, a sinais neurológicos em equinos. Portanto, o objetivo do trabalho é realizar uma revisão dos aspectos epidemiológicos, clínicos e patológicos dessa toxicose. Além disso, descrever dois casos de intoxicação por T. micrantha em equinos, caracterizando os aspectos epidemiológicos e patológicos da toxicose. Dois equinos da raça Crioula, de 9 e 12 anos, foram acometidos, sendo que o primeiro (Equino 1) foi encontrado morto e o outro (Equino 2) em estado comatoso, em um piquete localizado em uma propriedade na região metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Exemplares de T. micrantha haviam sido derrubados durante um temporal na semana anterior e suas folhas apresentavam sinais de consumo pelos animais. As lesões macroscópicas incluíram áreas de acentuada hemorragia, que eram circundadas por edema em toda extensão do tronco encefálico. No Equino 1, lesões similares às mencionadas também estavam presentes na medula espinhal cervical e intumescência lombar. As lesões microscópicas observadas nos equinos desse estudo foram caracterizadas por degeneração vascular e necrose neuronal, sugerindo-se que a ação do princípio tóxico de Trema micrantha, ainda não identificado, tenha seu mecanismo de ação envolvido nessas lesões. Há poucos relatos de intoxicação por essa planta em equinos, entretanto, representa um importante diagnóstico diferencial para doenças que cursam com morte aguda em equinos. Conclui-se que a investigação diagnóstica do presente caso foi baseada nos dados epidemiológicos e oriundos do exame de necropsia.

Trema micrantha (Cannabaceae) is a tree popularly known as “grandiúva” or “pau-pólvora”, found throughout Brazil. Its leaves are palatable to herbivores, but their consumption is associated with neurological signs and sudden death in horses. The aim of this study is to review the epidemiological, clinical and pathological aspects of this toxicosis. Additionally, to describe two cases of T. micrantha intoxication in horses, characterizing the epidemiological and pathological aspects of this toxicosis. Two Criollo horses, aged 9 and 12 years old, were affected, the first (Equine 1) was found dead and the other (Equine 2) in a comatose state, in a paddock located on a property in the metropolitan region of Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brazil. T. micrantha specimens had been felled during a storm the previous week and their leaves showed signs of being eaten by the animals. Macroscopic lesions included areas of marked hemorrhage surrounded by edema throughout the brainstem. In Equine 1, lesions similar to those mentioned were also present in the cervical spinal cord and lumbar intumescence. The microscopic lesions observed in the horses in this study were characteristic of vascular degeneration and neuronal necrosis, suggesting that the action of the toxic principle of T. micrantha, which has not yet been identified, may be involved in these lesions. There are few reports of intoxication by this plant in horses, but it represents an important differential diagnosis for diseases that lead to acute death in horses. In conclusion, the diagnostic investigation of this case was based on epidemiological data and the necropsy examination.