O ideário da personagem Margaret Schlegel no romance Howards End, de Edward Morgan Forster

Abstract

Esta monografia faz uma leitura do romance Howards End, de Edward Morgan Forster, colocando o foco na visão de mundo e nas proposições de vida da personagem Margaret Schlegel. O objetivo da investigação é compreender e discutir o ideário desta personagem no contexto das reflexões e visões de mundo presentes no início do século XX e retratadas nesta obra, ressaltando especialmente o moto “only connect”, que epigrafa a obra e reaparece em vários trechos, sempre propondo a relevância da melhor convivência, mediando ideários divergentes. A pesquisa fornece subsídios para refletir sobre este modo de encarar e orientar a vida, que possivelmente emana das vivências de seu autor naquele período da Inglaterra. Para isso, apresenta brevemente o autor, a obra, o contexto histórico e filosófico em que se inserem. Assim, algumas características do livro e da forma como o narrador busca dialogar diretamente com o leitor apontam para uma construção desta personagem de modo a veicular e propor uma forma de ver e viver no mundo na qual se busque equacionar, pela convivência, as diferenças nas perspectivas de vida. A afinidade deste ideário com o liberalismo humanista se faz perceber, bem como influências do grupo de Bloomsbury, do filósofo G. E. Moore e de outros vetores do pensamento progressista de então. Busca-se, portanto, estabelecer o ideário desta personagem central e perceber como o autor a coloca: não apenas ao expressar certa leitura do que ocorre, mas também ao indicar modos de lidar com situações a partir de sua perspectiva. Por fim, busca se sintetizar os achados quanto às proposições de vida de Margaret Schlegel, deixando espaço para uma renovada reflexão sobre esta proposta no contexto atual.

This monograph presents a reading of Edward Morgan Forster's novel Howards End, focusing on worldview and life propositions represented by the character Margaret Schlegel. The investigation aims to discuss the values of this character in the context of the portrayal of early twentieth century worldviews, as present in this work. Special attention is given to the motto "only connect", which comes as the epigraph of the novel, reappearing in several passages, stressing the relevance of a better coexistence, and the importance of mediating divergent ideas. The research reflects on different ways of facing and orienting life, and on how they relate to its author’s life experience in that period of English life. This is done through connections established with the life of the author, the themes and plot of Howards End, and the historical and philosophical context in which they are inserted. Some techniques used in the book – such as the way the narrator directly addresses the readers – contribute to the construction of this character and to the influence it has in the play of different perceptions and life perspectives presented in the story. Margaret Schlegel’s interaction with characters reaches the effect of equalizing personal relations among people who belong to different ideological groups. The movements of this character are atuned with the doctrine of Liberal Humanism, proposed by the philosopher G. E. Moore and subscribed by the artists of the Bloomsbury Group and other progressist intellectuals of the time. The considerations presented in this monograph, therefore, reflect on the role played by Margaret Schlegel as a spokesperson who not only presents an interpretation of what occurs, but also as someone who indicates perspectives to deal with complex situations. By extension, this monograph also aims to connect the results of Mrgaret Schlegel’s propositions and our present-day challenges in creating bridges among different ideologies and worldviews.