Assumindo a cilada como território-existencial : experimentações fabulativas para ficar com o problema do paradigma da diferença sexual

Abstract

Tendo como principais referências Paul B. Preciado e Donna Haraway, o presente trabalho aborda o paradigma da diferença sexual. Reflete sobre as potências das SFs – sobretudo da fabulação especulativa e fabulação crítica – como métodos de pesquisa. Para, a partir desses conceitos, traçar paralelos entre a produção de conhecimentos e a produção de histórias, na intenção de tensionar a dicotomia natureza/cultura e as relações de poder envolvidas na consolidação de ‘verdades’ acerca do corpo-sexo-gênero. Partindo do entendimento que uma epistemologia só se mantém relevante através de um conjunto de narrativas, práticas e elementos humanos e não-humanos que a sustentam, este estudo pretende, através da realização de exercícios ficcionais e de fabulação especulativa, tensionar algumas das contradições dos dispositivos que fazem a manutenção desse paradigma, sobretudo aqueles que atuam no campo da saúde. Tais exercícios são baseados nas experiências em um projeto de extensão universitária, em estágios e também em vivências pessoais. Podemos compreender o regime da diferença sexual como um problema do nosso tempo – produzido e sustentado por instituições que perpetuam certas relações de dominação social. Indicamos, ainda, a importância da psicologia lidar com os efeitos da cisheteronorma mas, também, questionar como ela se mantém. Como podemos multiplicar naturezas, mundos nos quais viver? Quais parcerias podemos estabelecer nesse desafio? Como ficar com o problema?