Conhecendo a flora dos gramados do Campus do Vale da UFRGS : características e potencialidades

Abstract

Em ambientes urbanos é encontrada uma flora especializada chamada de ruderal, composta por plantas exóticas e nativas, que geralmente é pouco estudada é pouco considerada em termos de sua importância para a conservação da biodiversidade e para a qualidade ambiental da cidade. O objetivo deste trabalho foi caracterizar a vegetação de gramados do Campus do Vale da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, RS, a fim de discutir os potenciais de usos desses espaços pela comunidade acadêmica do Campus. Foi realizado um levantamento quantitativo da vegetação em cinco gramados, com cinco parcelas de 1m² cada. As plantas encontradas foram identificadas, classificadas quanto a sua origem e forma de vida e verificadas quanto ao grau de ameaças e principais ameaças. Foi utilizado um diagrama de Venn com a lista obtida nos levantamentos e a lista de espécies da flora dos morros graníticos de Porto Alegre para avaliar até que ponto os gramados contém espécies tipicas dos campos da regido. Para entender a influência dos parâmetros estruturais (cobertura e altura) na composição florística foi utilizada uma análise de redundância (RDA). Foram encontradas 102 espécies distribuídas em 25 famílias; destas, 69 podem ser encontradas nos campos dos morros de Porto Alegre. As famílias com maior riqueza de espécies foram Poaceae e Asteraceae, já as famílias com maior cobertura relativa foram Poaceae e Apiaceae. Foi encontrada uma espécie, Bothriochloa laguroides, que esta na lista de espécies ameaçadas, como “vulnerável”. As formas de vida touceira e terófita foram predominantes, mas chama atenção a alta participação de espécies rosetadas e rizomatosas, indicativa do regime de rogadas frequentes. Na RDA, foi constatado uma diferenciação de um dos locais que possui uma vegetação mais alta, com maior proporção de espécies entouceiradas. A alta proporção de espécies exóticas, incluindo invasoras, e terofitas, também revela a ruderalização de ambientes. Uma mudança no manejo, diminuindo a frequência das rogadas, seria interessante por permitir uma maior diversidade nativa nesses espaços verdes no campus universitário, possibilitando um uso melhor em diferentes atividades de ensino, divulgação e extensão, valorizando a biodiversidade nativa.