Índice de ciclabilidade no planejamento de infraestrutura cicloviária : mensuração no centro histórico de Porto Alegre

Abstract

A Política Nacional de Mobilidade Urbana estabeleceu, como diretriz, a priorização dos modos de transporte não motorizados sobre os motorizados. A prática idealizada pela referida política vai ao encontro da percepção de que o modal cicloviário é consideravelmente menos poluente e mais sustentável. É recomendado que o planejamento da infraestrutura cicloviária seja realizado após conhecer a finalidade do uso do espaço cicloviário, mapear a demanda ciclística existente, mapear a demanda ciclística potencial, e conhecer as características das viagens e dos problemas vivenciados nos deslocamentos e trajetos. Nesse sentido, a Ciclabilidade entra como um indicador do potencial de escolha pelos usuários de cada segmento viário para ser pedalado, existindo já alguns métodos propostos internacionalmente para sua mensuração. A maioria dos estudos que trataram da Ciclabilidade foi realizada no mundo desenvolvido, levando em consideração aspectos mais valorados por suas culturas. Até 2020, em um levantamento realizado, constatou-se que apenas 3 artigos haviam sido publicados na América Latina ou na Oceania e nenhum na África, corroborando a lacuna existente em seu estudo para o Sul Global. Desta forma, o presente trabalho apresenta a formulação de um método de construção de Índice de Ciclabilidade, construído a partir da percepção do usuário, e realiza sua aplicação para mensuração nas vias do Centro Histórico da cidade de Porto Alegre, englobando etapas de revisão bibliográfica, metodologia empregada, diagnóstico das condições atuais e estimativa dos índices. Os resultados do processo demonstraram uma representação adequada das condições de ciclabilidade do bairro, evidenciando diferentes características valorizadas pelos usuários conforme sua frequência de uso da bicicleta e conforme o objetivo de sua viagem. Por fim, após contextualizar o leitor quanto à metodologia proposta para priorização de investimentos em infraestrutura cicloviária, baseada em um Modelo de Demanda Direta associado ao Índice de Ciclabilidade, são sugeridos aspectos para pesquisa futura que visam contribuir para uma maior precisão na estimativa dos índices.