Evidências científicas sobre risco de falha de restaurações reparadas e efeito do tipo de silano no protocolo de reparo

Abstract

A presente tese de doutorado é composta por dois artigos científicos. O primeiro deles, intitulado "Risk of failure of repaired versus replaced defective direct restorations in permanent teeth: a systematic review and meta-analysis" visou comparar o risco de falha de restaurações reparadas e substituídas em dentes permanentes. Para isso, uma ampla busca bibliográfica foi realizada nas bases de dados PubMed/MEDLINE, Scopus, Lilacs, BBO, Web of Science, SciELO, Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) e literatura cinza até Agosto de 2021 para identificar estudos clínicos longitudinais relacionados à questão de pesquisa. Dois revisores selecionaram independentemente e em duplicata os estudos, extraíram os dados, avaliaram o risco de viés e a certeza da evidência. Meta-análise com modelo de efeitos fixos comparou o efeito do tratamento (reparo e substituição) no desfecho (falha das restaurações), considerando o material restaurador (resina composta e amálgama) como subgrupos. Riscos relativos (RRs) e os intervalos de confiança de 95% (ICs) foram calculados. Dos 1224 estudos potencialmente elegíveis, treze foram selecionados para análise de texto completo e três foram incluídos na revisão sistemática e meta-análise. Não houve diferença estatisticamente significante no risco de falha de restaurações defeituosas reparadas e substituídas (RR: 1,21, IC: 95% 0,51-2,83), seja para restaurações de resina composta (p = 0,97) ou de amálgama (p = 0,51). O risco de viés foi considerado alto e a certeza da evidência muito baixa. O risco de falha de restaurações diretas parcialmente defeituosas reparadas em dentes permanentes é similar àquelas substituídas. No entanto, as evidências científicas são limitadas. O segundo artigo intitulado "Use of nonhydrolyzed silane prior to the silane-containing universal adhesive application improves the repair bond strength of resin composite" avaliou a influência do tipo de silano previamente à aplicação de sistema adesivo universal contendo silano na resistência de união de reparo de resina composta envelhecida. Para isso, 54 corpos de prova (8 mm x 8 mm x 8 mm) de resina composta (Z350 XT, cor A2B, 3M Oral Care, MN, EUA) foram previamente envelhecidos através de armazenamento em água destilada por seis meses e, então, divididos aleatoriamente em seis grupos experimentais (n = 9): adesivo universal contendo silano no modo autocondicionante (Scotchbond Universal, 3M Oral Care, MN, EUA); silano não hidrolisado (Silano, Dentsply, Brasil) + Scotchbond Universal; silano hidrolisado (RelyX Ceramic Primer, 3M Oral Care, MN, EUA) + Scotchbond Universal; sistema adesivo autocondicionante (Clearfil SE Bond, Kuraray, Noritake, Japão); silano não hidrolisado + Clearfil SE Bond; silano hidrolisado + Clearfil SE Bond. Os blocos foram reparados com a mesma resina composta (cor WE). Após 24 horas de armazenamento em água destilada, os blocos foram seccionados e os espécimes foram submetidos ao teste de microtração. Os dados obtidos foram submetidos à Análise de Variância de dois fatores (sistema adesivo e silano) e teste de Tukey considerando um nível de significância de 5%. O padrão de fratura foi avaliado descritivamente. Os maiores valores de resistência de união de reparo foram obtidos quando o silano não hidrolisado foi aplicado previamente ao adesivo universal contendo silano (p = 0,03). A aplicação prévia de silano não aumentou a resistência de união de reparo quando um sistema adesivo autocondicionante de dois passos foi utilizado. Falhas adesivas/mistas prevaleceram em todos os grupos. O uso de um silano não hidrolisado previamente à aplicação do adesivo universal contendo silano no modo autocondicionante aumenta a resistência de união de reparo entre resina composta nova e envelhecida.

The present doctoral thesis is composed by two scientific articles. The first one, entitled "Risk of failure of repaired versus replaced defective direct restorations in permanent teeth: a systematic review and meta-analysis" aimed to compare the risk of failure of repaired and replaced restorations in permanent teeth. A comprehensive literature search was undertaken in PubMed/MEDLINE, Scopus, Lilacs, BBO, Web of Science, SciELO, and Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) databases and gray literature up to August 2021 to identify longitudinal clinical studies related to the research question. Two reviewers independently and in duplicate selected studies, extracted data, assessed the risk of bias and the certainty of evidence. Meta-analysis with fixed effects model compared the effect of treatment (repair and replacement) on the outcome (failure of restorations), considering restorative material (resin composite and amalgam) as subgroups. Relative risks (RRs) and 95% confidence intervals (CIs) were calculated. Of 1,224 potentially eligible studies, thirteen were selected for full-text analysis and three were included in the systematic review and meta-analysis. There was no significant difference in the risk of failure of repaired and replaced defective restorations (RR: 1.21, 95% CI: 0.51-2.83), either for resin composite (p = 0.97) or amalgam (p = 0.51) restorations. The risk of bias was high and certainty of evidence was very low. The risk of failure of repaired partially defective direct restorations performed in permanent teeth is similar to that of replaced restorations. However, scientific evidence is limited. The second article entitled "Use of nonhydrolyzed silane prior to the silane-containing universal adhesive application improves the repair bond strength of resin composite" evaluated the influence of the type of silane prior to the silane-containing universal adhesive application on the repair bond strength of aged resin composite. For this, 54 blocks (8 mm x 8 mm x 8 mm) of nanohybrid resin composite (Z350 XT A2B, 3M Oral Care, MN, EUA) were aged by water storage for six months, and randomly assigned into six experimental groups (n = 9): silanecontaining universal adhesive in the self-etch mode (Scotchbond Universal, 3M Oral Care, MN, EUA); nonhydrolyzed silane (Silane Coupling Agent, Dentsply, Brazil) plus Scotchbond Universal; hydrolyzed silane (RelyX Ceramic Primer, 3M Oral Care, MN, EUA) plus Scotchbond Universal; self-etch adhesive system (Clearfil SE Bond, Kuraray Noritake Inc., Japan); nonhydrolyzed silane plus Clearfil SE Bond; hydrolyzed silane plus Clearfil SE Bond. Blocks were repaired with the same resin composite (WE shade). After 24 hours of water storage, the blocks were sectioned and bonded sticks were submitted to microtensile bond strength test. The obtained data were submitted to the two-way ANOVA (adhesive system and silane) and Tukey's test considering a significance level of 5%. The failure mode was descriptively evaluated. The highest repair bond strength values were achieved when nonhydrolyzed silane was applied prior to the silane-containing universal adhesive (p = 0.03). The previous silane application did not increase the repair bond strength when a two-step self-etch adhesive system was used. Mixed/adhesive failures prevailed in all groups. The use of a nonhydrolyzed silane prior to the silane-containing universal adhesive in the self-etch mode application improves the repair bond strength of new and aged resin composite.