Perfil epidemiológico e prognóstico de paciente oncológicos com admissão não-eletiva na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital de Clínicas de Porto Alegre durante o primeiro semestre de 2019

Abstract

Contexto: Conhecer o prognóstico de pacientes oncológicos admitidos em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) é fundamental para as tomadas de decisões terapêuticas e para a gestão da prestação de serviços de saúde nos hospitais. Estima-se que um a cada vinte pacientes oncológicos requeiram internação em UTI dentro de dois anos após seu diagnóstico. Método: através de análise individual de prontuários e do banco de dados Epimed Monitor ICU Database® do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, avaliaram-se características epidemiológicas e prognóstico de pacientes oncológicos com primeira admissão não-eletiva na UTI, durante o primeiro semestre de 2019. Resultados: Na análise, 135 pacientes foram incluídos. Os principais sítios de neoplasia primária foram: trato gastrointestinal (n 36, 26.7%) e pulmão (20, 14.8%). Doença metastática estava presente em 81 pacientes (60%). O Índice de Comorbidades de Charlson (ICC) mediano foi de 5 (p25-75 3-8). Os índices de SOFA e SAPSII medianos à admissão foram, respectivamente, 6 (3-8) e 68 (59-75). As principais razões para admissão na UTI foram infecção/sepse (52; 38.5%) e insuficiência respiratória (19; 14.1%). Quanto ao uso de suporte artificial de vida, 69 indivíduos (51%) necessitaram de alguma forma de ventilação mecânica e 67 (49.6%) necessitaram de vasopressores. Evoluíram a óbito, durante a internação na UTI, 40 pacientes (29.6%), e um total de 60 indivíduos (44.4%) faleceu durante a hospitalização como um todo. Conclusão: Os resultados encontrados são semelhantes a dados já reportados na literatura, comparado a outras instituições. Destaca-se o perfil de elevada morbidade dos pacientes oncológicos admitidos na UTI. Essas informações podem auxiliar na tomada de decisão clínica para com os pacientes oncológicos e na gestão dos recursos de saúde da instituição.

Background: Knowing the prognosis of cancer patients admitted to Intensive Care Units (ICU) is fundamental for making therapeutic decisions and managing the provision of health services in hospitals. It is estimated that one in twenty cancer patients requires admission to an ICU within two years of their diagnosis. Methods: through individual analysis of medical records and the Epimed Monitor ICU Database® database from Hospital de Clínicas de Porto Alegre, epidemiological characteristics and prognosis of cancer patients with their first non-elective admission to the ICU were evaluated during the first semester of 2019. Results: 135 patients were included in the analysis. The main sites of primary neoplasia were: gastrointestinal tract (n 36, 26.7%) and lung (20, 14.8%). 81 patients (60%) had metastatic disease. The median Charlson Comorbidity Index (CCI) was 5 (p25-75 3-8). The median SOFA and SAPSII indices at admission were, respectively, 6 (3-8) and 68 (59-75). The main reasons for ICU admission were infection/sepsis (52; 38.5%) and respiratory failure not-related to sepsis (19; 14.1%). 69 individuals (51%) required some form of mechanical ventilation; 67 (49.6%) required vasopressors. 40 patients died during their stay in the ICU (29.6%) and a total of 60 individuals (44.4%) died during their hospitalization as a whole. Conclusion: The results found in this study are similar to data already reported in the literature, regarding other institutions. The high morbidity profile of patients upon admission to the ICU stands out. This information can assist in clinical decision-making regarding cancer patients and in the management of the institution's health resources.