Espaço urbano e práticas insurgentes no 4° Distrito de Porto Alegre

Abstract

O espaço urbano é construído a partir de complexas camadas de território. Essa construção e a consolidação da territorialização de um espaço tem origem nas relações entre atores sociais diversos. O artigo busca alinhar-se à crítica ao pensamento hegemônico em arquitetura e urbanismo, na medida em que propõe compreender as práticas espaciais contra-hegemônicas, desenvolvidas por atores heterogêneos, enquanto estratégias de territorialização do espaço urbano. O objetivo central é analisar como a articulação entre atores sociais distintos se configura na territorialização e espacialização das práticas desenvolvidas. Para tanto, a abordagem metodológica consiste em estudo de caso onde o recorte espacial é o 4º Distrito de Porto Alegre, além da observação não-participante em seminários e eventos realizados pelos atores sociais, bem como entrevistas realizadas com representantes locais. Como resultado, verificamos a construção de redes de ação de territorialização contra-hegemônicas que se articulam de maneiras distintas, considerando suas particularidades, na resistência à cultura de planejamento urbano dominante, que, não raro, negligencia as demandas de pessoas pobres e vulneráveis.

Urban spaces are built from complex layers of territory. The relationships between different social agents result in this construction and in the consolidation of spaces' territorialization. The present work follows the criticism on the hegemonic thinking in architecture and urban planning. This article aims to understand the counter-hegemonic spatial practices, developed by heterogeneous actors, as strategies of urban space territorialization.The main goal is to analyze how the articulation between different social agents appears in the territorialization and spatialization of the developed practices. Therefore, the methodological approach used is a case study about the spatial area 4th District of Porto Alegre. In addition, non-participant observation at seminars and events held by social agents was part of the method, as well as interviews with local representatives. As a result, we assess the construction of action networks of counter-hegemonic territorialization. Considering particularities, they operate in different ways on the resistance to the dominant urban planning culture, which repeatedly neglects the demands of poor and vulnerable people.