Insegurança alimentar em famílias de crianças hospitalizadas

Abstract

Objetivo: Avaliar a situação de insegurança alimentar em famílias de crianças hospitalizadas e associar com dados socioeconômicos e nutricionais. Método: Estudo transversal realizado em crianças hospitalizadas em um hospital universitário no município de Porto Alegre/RS, internadas no serviço de pediatria de março a setembro de 2023. Para avaliar a insegurança alimentar foi utilizada a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. Para avaliação do consumo alimentar foi aplicado o formulário de consumo alimentar do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica. Resultados: Avaliou-se 269 crianças hospitalizadas. A insegurança alimentar (IA) esteve presente em 155 (57,6%) das famílias. A IA mostrou associação significativa com a cor da pele, 46,3% das famílias que autodeclararam preto/pardo/amarelo estavam em IA leve (p=0,015); com a renda, 87,8% das famílias com renda inferior a 3 salários mínimos estavam em IA leve (p=<0,001); escolaridade, as famílias que estava em IA moderada/grave possuíam 9,1 ± 2,8 anos de estudo, em comparação com as famílias que estavam em segurança alimentar, que tiveram 10,4 ± 1,8b anos de estudo (p=<0,001); e com as famílias beneficiárias de programas sociais, 84,2% das famílias que afirmaram receber benefícios sociais estavam em IA moderada/grave (p=<0,001). Em relação ao estado nutricional das crianças, destaca-se que 33% encontravam-se com déficit nutricional. Conclusão: A insegurança alimentar esteve fortemente associada a fatores socioeconômicos, como renda familiar, escolaridade, cor da pele e recebimento de benefícios sociais entre as famílias de crianças hospitalizadas.

Objective: To evaluate the situation of food insecurity in families of hospitalized children and associate it with socioeconomic and nutritional data. Methods: Cross-sectional study carried out on children hospitalized in a university hospital in the city of Porto Alegre/RS, admitted to the pediatrics service from March to September 2023. To assess food insecurity, the Escala Brasileira de Insegurança Alimentar was used. To assess food consumption, the food consumption form from the Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional was applied. Quantitative variables were described by mean and standard deviation or median and interquartile range. Results: 269 hospitalized children were evaluated. Food insecurity (FI) was present in 155 (57.6%) of the families. AI showed a significant association with skin color, 46.3% of families that self-declared black/brown/yellow were in mild FI (p=0.015); with income, 87.8% of families with income below 3 minimum wages were in light FI (p=<0.001); educational level, families that were in moderate/severe FI had 9.1 ± 2.8 years of study, compared to families that were food secure, which had 10.4 ± 1.8b years of study (p=<0.001); and with families benefiting from social programs, 84.2% of families who reported receiving social benefits were in moderate/severe FI (p=<0.001). In relation to the nutritional status of the children, it is noteworthy that 33% were found to have a nutritional deficit. Conclusions: Food insecurity was strongly associated with socioeconomic factors, such as family income, education, skin color and receipt of social benefits among families of hospitalized children.