Do imperialismo alemão no sudoeste africano ao extermínio dos judeus : um estudo sobre as continuidades entre o genocídio namibiano e o holocausto
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Data
2023Autor
Orientador
Nível acadêmico
Graduação
Resumo
Este trabalho tem como objetivo entender o debate sobre as continuidades entre o genocídio perpetrado pelo Estado alemão contra os povos Herero e Nama no contexto do imperialismo no então Sudoeste Africano Alemão (atual Namíbia) entre 1904 e 1908 e o extermínio dos judeus no Holocausto. A metodologia usada foi a do estudo de caso, realizando-se exposições sobre ambos os eventos, com destaque para as políticas de subjugação e extermínio empregadas, bem como para as formas pelas quais a ideologia ...
Este trabalho tem como objetivo entender o debate sobre as continuidades entre o genocídio perpetrado pelo Estado alemão contra os povos Herero e Nama no contexto do imperialismo no então Sudoeste Africano Alemão (atual Namíbia) entre 1904 e 1908 e o extermínio dos judeus no Holocausto. A metodologia usada foi a do estudo de caso, realizando-se exposições sobre ambos os eventos, com destaque para as políticas de subjugação e extermínio empregadas, bem como para as formas pelas quais a ideologia racial manifesta-se nos dois casos. Após uma apresentação da história do debate que conecta o imperialismo ao Holocausto, passando pelas contribuições de Aimé Césaire, Hannah Arendt e do campo dos estudos de genocídio, é introduzida a tese de Jürgen Zimmerer, que traça paralelos entre o caso namibiano e o Holocausto. A pesquisa revela um paralelo, primeiramente, na criação, em ambos os eventos, de mecanismos legais com o intuito de prevenir a miscigenação entre alemães e outros povos: no caso da Namíbia, uma instrução de 1905 proibindo o registro de casamentos entre pessoas consideradas nativas e não nativas, com implicações para colonos alemães que se casassem com africanas e para crianças mestiças, e, na Alemanha nazista, na Lei para a Proteção do Sangue e da Honra Alemães, parte das Leis de Nuremberg de 1935, que proibia o casamento e relações sexuais entre alemães e judeus. Tais medidas seriam guiadas por princípios de uma ideologia racial que emerge no final do século XIX e resulta da interação entre as “novas ciências” da eugenia e da higiene racial, e o contemporâneo pensamento Völkisch, que surgiu no contexto da luta pela unificação alemã e da busca pela formação de uma identidade nacional germânica. Outros paralelos entre os casos referem-se 1) ao transporte e confinamento de indivíduos em campos de trabalho forçado, 3) a declarações que indicam intenções genocidas: no genocídio namibiano, uma proclamação do general von Trotha e no nazismo, o Memorando Höppner e 4) ao extermínio pela chamada política de negligência consciente, que manifesta-se principalmente nas altas taxas de mortalidade resultantes das condições debilitantes da vida nos campos de trabalho forçado. Como em Zimmerer, entende-se que a comparação entre os dois casos permite também identificar singularidades em cada evento, qualquer genocídio apresentando peculiaridades. O trabalho vai ao encontro da tese de Zimmerer de que existe um caminho conectando Windhoek a Auschwitz, mas que este caminho não teria começado na Namíbia, o que pode ser ilustrado pela exposição referente à formação da ideologia racial, nem seria o único levando ao extermínio dos judeus. ...
Abstract
This paper aims to understand the debate about the continuities between the genocide perpetrated by the German state against the Herero and Nama peoples in the context of imperialism in what was then German South West Africa (now Namibia) between 1904 and 1908 and the extermination of the Jews in the Holocaust. The methodology used was that of a case study, presenting both events, highlighting the policies of subjugation and extermination employed, as well as the ways in which racial ideology m ...
This paper aims to understand the debate about the continuities between the genocide perpetrated by the German state against the Herero and Nama peoples in the context of imperialism in what was then German South West Africa (now Namibia) between 1904 and 1908 and the extermination of the Jews in the Holocaust. The methodology used was that of a case study, presenting both events, highlighting the policies of subjugation and extermination employed, as well as the ways in which racial ideology manifested itself in both cases. After a presentation of the history of the debate linking imperialism to the Holocaust, including the contributions of Aimé Césaire, Hannah Arendt and the field of genocide studies, Jürgen Zimmerer's thesis is introduced, drawing parallels between the Namibian case and the Holocaust. The research reveals a parallel, firstly, in the creation, in both events, of legal mechanisms to prevent miscegenation between Germans and other peoples: in the case of Namibia, a 1905 instruction prohibiting the registration of marriages between people considered native and non-native, with implications for German settlers who married Africans and for mixed-race children, and, in Nazi Germany, in the Law for the Protection of German Blood and German Honor, part of the 1935 Nuremberg Laws, which prohibited marriage and sexual relations between Germans and Jews. Such measures would be guided by the principles of a racial ideology that emerged at the end of the 19th century and resulted from the interaction between the "new sciences" of eugenics and racial hygiene, and contemporary Völkisch thinking, which emerged in the context of the struggle for German unification and the search for the formation of a German national identity. Other parallels between the cases refer to 1) the transportation and confinement of individuals in forced labor camps, 3) statements indicating genocidal intent: in the Namibian genocide, a proclamation by General von Trotha and in Nazism, the Höppner Memorandum and 4) extermination by the so-called policy of conscious neglect, which manifests itself mainly in the high mortality rates resulting from the debilitating conditions of life in forced labor camps. As with Zimmerer, it is understood that the comparison between the two cases also makes it possible to identify singularities in each event, any genocide presenting peculiarities. The work is in line with Zimmerer's thesis that there is a path connecting Windhoek to Auschwitz, but that this path did not begin in Namibia, which can be illustrated by the exhibition on the formation of racial ideology, nor was it the only one leading to the extermination of the Jews. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Ciências Econômicas. Curso de Relações Internacionais.
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