Uma avaliação de Porto Alegre/RS sob a perspectiva do sistema homem-água

Abstract

As planícies de inundação são áreas de interesse ao ser humano desde o surgimento das primeiras civilizações, época onde a proximidade com um curso hídrico era sinônimo de sobrevivência e desenvolvimento. Com o passar do tempo, esta ligação foi sendo alterada e associada a outras finalidades, ao passo que atualmente, diversos aglomerados urbanos estão localizados às margens de cursos hídricos. E a capital do Estado do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, é tida como exemplo, uma vez que parte do território é margeado pelo Lago Guaíba, importante curso hídrico no contexto histórico e atual da cidade. Sendo assim, a socio-hidrologia - ciência cujo foco é a compreensão das interações entre o meio físico e antrópico com base em um sistema único, bidirecional – permite uma avaliação das planícies de inundação sob uma abordagem que considera a influência de aspectos sociais no comportamento de cursos hídricos, bem como a influência das inundações na urbanização das respectivas regiões. Neste trabalho, as interações verificadas em uma planície de inundação são expressas por um modelo teórico, o qual parte da ocupação da planície, seguindo pelo registro de respostas distintas após um evento de inundação significante, tendo em vista perdas tangíveis e não tangíveis. Entre as respostas está a instalação de medidas estruturais, características de “sociedades tecnólogicas”, as quais buscam a não ocorrência de eventos de inundação. Enquanto a adoção de políticas de convívio com inundações caracteriza “sociedades verdes”. Porto Alegre segue as etapas descritas pelo modelo teórico e registra um mecanismo de interação específico da área de estudo, sendo este, um avanço territorial em direção ao Guaíba por meio de obras de aterramento, resultando uma área aterrada de 5,6 km². A partir do contexto histórico de Porto Alegre e atuais questionamentos sobre a necessidade e eficiência das medidas estruturais instaladas são identificadas possíveis projeções que caracterizadas por sociedades tecnológicas e verdes ou pela combinação de ambas.

Flood plains have been areas of interest for human beings since the first civilizations, a time where proximity to a watercourse was synonymous to survival and development. With the passing of time, this significance was being altered and associated with other purposes: nowadays, various urban clusters are located at the margins of watercourses. Porto Alegre, the capital city of the state Rio Grande do Sul, is serving as an example for this, as part of it is bordered by the Guaíba River, an important, historical and present, watercourses of the city. This being said, sociohydrology –a science whose focus is the understanding of the interactions between natural environment and anthropic environment, with its base in a unique bidirectional system – allows an assessment of flood plains from two perspectives. The first perspective considers the influence of social aspects in the behaviour of water courses, and the second perspective gives thought to the influence flood plains have on the urbanization of the respective regions. This work illustrates these, in form of flood plains, observed interactions in a theoretic model. Starting with the construction and installation of the plain, followed by the records of various reactions after a significant flooding event, while keeping in mind tangible and intangible losses. One of these possible reactions is the installation of structural measures to avoid flooding incidents. This measure characterizes “technological societies”. Whereas “green societies” implement strategies to coexist with the occurring flooding events. Porto Alegre follows the steps described in the theoretical model and registers a mechanism of specific interaction in the area of research. In the form of a territorial advance in the direction of the Guaíba River, through grounding works, resulting in 5,6 km² grounded area. Considering the historical context of Porto Alegre, and the recent questioning of the necessity and efficiency of these installed structural measures, possible projections, which characterize technological and green societies or a combination of both, are identified.