Influência da remoção químico-mecânica do tecido cariado no risco de falha de restaurações : revisão sistemática e meta-análise

Abstract

O presente estudo teve como objetivo revisar sistematicamente a literatura e avaliar criticamente os resultados de ensaios clínicos randomizados que compararam o risco de falha de restaurações após a remoção mecânica e químico-mecânica do tecido cariado. Para isso, uma ampla busca nas bases de dados PubMed/MEDLINE, EMBASE, Scopus, LILACS, Web of Science e Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) e literatura cinza foi realizada até janeiro de 2022, a fim de identificar estudos relacionados à questão de pesquisa. Dois revisores selecionaram, de forma independente e em duplicata, os estudos de acordo com os critérios de elegibilidade, extraíram os dados, avaliaram o risco de viés e a certeza da evidência. Os critérios de inclusão foram estudos clínicos que investigaram o uso de remoção químico-mecânica de tecido cariado em lesões em dentina coronária de dentes decíduos ou permanentes antes dos procedimentos restauradores.Após leitura de texto na íntegra, foram excluídos os estudos que não apresentaram grupo controle (remoção mecânica do tecido cariado), não utilizaram o mesmo material restaurador em ambos os grupos, que apresentaram período de acompanhamento menor do que 6 meses, taxa de perda amostral ≥ 30%, cujos participantes não foram avaliados da mesma forma e pelo mesmo período e não avaliaram falha restauradora como desfecho. A meta-análise foi realizada através do programa RevMan 5.3, usando um modelo de efeitos aleatórios, para comparar o efeito da remoção químico-mecânica e mecânica na falha restauradora, considerando como subgrupos o tipo de remoção do tecido cariado (seletiva e completa – não seletiva). Dos 443 estudos potencialmente elegíveis após a remoção das duplicatas, 58 foram selecionados para leitura de texto na íntegra e 6 foram incluídos na revisão sistemática. Não houve diferença estatisticamente significante no risco de falha de restaurações realizadas após remoção químico-mecânica e mecânica (p=0,14) seja para remoção completa (p = 0,97) ou seletiva (p = 0,11) do tecido cariado. A heterogeneidade foi nula. O risco de viés foi alto e a certeza da evidência foi baixa. Com base na baixa certeza da evidência, conclui-se que o risco de falha das restaurações realizadas após a remoção químico-mecânica e mecânica do tecido cariado é semelhante. Novos estudos são necessários para que conclusões mais consistentes possam ser feitas.

The present study aimed to systematically review the literature and critically evaluate the results of randomized clinical trials that compared the risk of failure of restorations after mechanical and chemomechanical carious tissue removal. Fo that, a comprehensive search was performed using PubMed/MEDLINE, EMBASE, Scopus, LILACS, Web of Science, and Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL) databases and grey literature until January 2022 to identify studies related to the research question. Two reviewers independently and in duplicate selected the studies according to the eligibility criteria, extracted the data, assessed the risk of bias and the certainty of evidence. Inclusion criteria were clinical studies that investigated the use of the chemomechanical removal for excavation of coronal dentin carious lesions in primary or permanent teeth before restorative procedures. After reading the full-texts, studies that did not present a control group (conventional carious tissue removal – mechanical excavation), did not use the same restorative material in both groups, had follow-up lower than six months, dropout rate ≥ 30%, absence of similar follow-up for patients in both groups evaluated in the same way, and did not evaluate restoration failure as outcome were excluded. Meta-analysis was performed using RevMan 5.3 software, using a random effects model, to compare the effect of chemomechanical and mechanical carious tissue removal on the restorative failure, considering the type of carious tissue removal (selective and complete - non-selective) as subgroups. Of the 443 potentially eligible studies after removal of duplicates, 58 were selected for full-text analysis and 6 were included in the systematic review. There was no statistically significant difference in the risk for failure of restorations performed after chemomechanical and mechanical excavation (p=0.14) either for complete (p = 0.97) or selective (p = 0.11) carious tissue removal. The heterogeneity found was null. The risk of bias was high and the certainty of evidence was low. Based on the low certainty of evidence, it can be concluded that the risk of failure of restorations performed after chemomechanical and mechanical carious tissue removal is similar. Further studies are needed before more consistent conclusions can be made.