Leitura em voz alta : voz e subjetividade
Fecha
2023Autor
Tutor
Nivel académico
Maestría
Tipo
Materia
Resumo
Ler em voz alta não é um hábito recente, já na Grécia antiga os ensinamentos do grego clássico eram transmitidos através da leitura de poemas e outros textos. Inicialmente essa prática era mais difundida entre aqueles poucos que sabiam ler essencialmente com a finalidade de partilhar documentos e informações oficiais. Com o decorrer dos anos, essa atividade perde popularidade, ficando mais restrita às salas de aula e instituições religiosas. No entanto, esse cenário vem mudando, e a leitura em ...
Ler em voz alta não é um hábito recente, já na Grécia antiga os ensinamentos do grego clássico eram transmitidos através da leitura de poemas e outros textos. Inicialmente essa prática era mais difundida entre aqueles poucos que sabiam ler essencialmente com a finalidade de partilhar documentos e informações oficiais. Com o decorrer dos anos, essa atividade perde popularidade, ficando mais restrita às salas de aula e instituições religiosas. No entanto, esse cenário vem mudando, e a leitura em voz alta novamente ganha importância: mais do que apenas uma prática de recepção passiva, apresenta-se como uma prática interativa entre texto e leitor, além de um potente exercício de produção de subjetividade, especialmente se considerarmos que os efeitos da leitura permanecem reverberando no leitor após seu término. Nesse sentido, a presente dissertação tem por objetivo lançar um olhar sobre a atividade de leitura em voz alta de textos literários e seus efeitos, partindo de uma reflexão teórica sobre atividade de extensão "Leitura em Voz Alta", e busca refletir a respeito das variáveis linguísticas, literárias e psicológicas que constituem essa atividade, sem a pretensão de analisar recortes de cenas; para tanto, argumenta-se a favor de uma perspectiva que considera a leitura em voz alta como uma prática mobilizadora de subjetividade. O texto da presente dissertação está organizado de forma que inicialmente apresenta alguns dos principais autores do campo do conhecimento linguístico, como Ferdinand de Saussure, Émile Benveniste e Mikhail Bakhtin, que apesar das diferentes abordagens e formas de pensar, receberam destaque aqui por terem dedicado um olhar à "voz" – ainda que em seus estudos a voz não tenha ocupado o papel de objeto central de pesquisa. A seguir, estabelece-se um diálogo entre voz e literatura, para, então, abordar questões da psicanálise relacionadas à voz, escuta, linguagem e clínica, explorando o papel que a voz ocupa na concepção teórica psicanalítica, e buscando entender como ela abre espaço para dialogar com a linguística. Por esse viés, investiga-se também questões relacionadas ao trabalho com grupos através da abordagem psicanalítica, para respaldar uma interpretação na dinâmica da leitura em voz alta compartilhada. Por fim, discute-se questões relacionadas à prática da leitura em voz alta, passando pela história da leitura e sua relação com a escrita, amparando-se em autores como Manguel (2021), Jean (1999) e Milano (2020, 2021, 2023) que consideram o ato de ler em voz alta um grande potencializador não apenas do encontro com o autor, mas também do encontro com o outro. ...
Abstract
Reading aloud is not a recent habit; in ancient Greece, teachings of classical Greek were transmitted through the reading of poems and other texts. Initially, this practice was more widespread among the few who could read, essentially for the purpose of sharing official documents and information. Over the years, this activity lost popularity, becoming more restricted to classrooms and religious institutions. However, this scenario is changing, and reading aloud is once again gaining importance. ...
Reading aloud is not a recent habit; in ancient Greece, teachings of classical Greek were transmitted through the reading of poems and other texts. Initially, this practice was more widespread among the few who could read, essentially for the purpose of sharing official documents and information. Over the years, this activity lost popularity, becoming more restricted to classrooms and religious institutions. However, this scenario is changing, and reading aloud is once again gaining importance. More than just a passive reception practice, it presents itself as an interactive practice between text and reader, as well as a powerful exercise in subjectivity production, especially considering that the effects of reading continue to reverberate in the reader after its completion. In this sense, this dissertation aims to take a look at the activity of reading literary texts aloud and its effects, starting from a theoretical reflection on the extension activity "Reading Aloud", and seeking to reflect on the linguistic, literary, and psychological variables that constitute this activity, without the pretension of analyzing specific scenes. Therefore, we argue in favor of a perspective that considers reading aloud as a mobilizing practice of subjectivity. The text of this dissertation is organized in a way that initially presents some of the main authors in the field of linguistic knowledge, such as Ferdinand de Saussure, Émile Benveniste, and Mikhail Bakhtin, who, despite their different approaches and ways of thinking, have been highlighted here for having dedicated a gaze to the "voice," even though the voice did not occupy the central role of research object in their studies. Next, a dialogue between voice and literature is established to address issues of psychoanalysis related to voice, listening, language, and clinic, exploring the role that the voice occupies in psychoanalytic theoretical conception, and seeking to understand how it opens space to dialogue with linguistics. Through this lens, issues related to group work through the psychoanalytic approach are also investigated to support an interpretation of the dynamics of shared reading aloud. Finally, issues related to the practice of reading aloud are discussed, covering the history of reading and its relationship with writing, relying on authors such as Manguel (2021), Jean (1999), and Milano (2020, 2021, 2023), who consider reading aloud to be a great potentializer not only for encountering the author but also for encountering the other. ...
Institución
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Instituto de Letras. Programa de Pós-Graduação em Letras.
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