Avaliação do impacto de uma intervenção educacional a distância sobre a capacidade diagnóstica e percepção de autoconfiança de médicos residentes e estudantes de medicina em relação às lesões ulceradas da boca.

Abstract

As lesões ulceradas estão entre as principais alterações que acometem a cavidade bucal. Apresentam diversas etiologias e características clínicas que podem dificultar o processo diagnóstico. O conhecimento a respeito dessas lesões é importante, já que podem ser um fator alarmante para alguma condição sistêmica. A neoplasia maligna mais comum na boca (carcinoma espinocelular) comumente se manifesta como uma úlcera única. Atualmente apresenta altas taxas de morbidade e de mortalidade que estão diretamente relacionadas ao diagnóstico tardio. Em geral, médicos e estudantes de Medicina são pouco informados sobre os tópicos de saúde bucal ou câncer de boca e, muitas vezes, deixam de contribuir para a detecção dessa doença. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade diagnóstica e a percepção de autoconfiança de médicos residentes e estudantes de Medicina em relação às lesões ulceradas da boca e o impacto de uma intervenção educacional à distância sobre esses parâmetros, comparando os seus desempenhos com os de estudantes e residentes de Odontologia. A amostra deste estudo quase-experimental com intervenção educacional foi composta por 49 participantes da área da Medicina (Med) e 28 da área da Odontologia (Odo). O teste de capacidade diagnóstica se baseou em um questionário com 20 fotos clínicas de lesões bucais e a percepção de autoconfiança foi avaliada a partir de uma escala Likert de 5 níveis. A intervenção educacional, aplicada entre os Med, foi caracterizada por vídeo-aulas que somaram 48 minutos de duração. A mediana para capacidade diagnóstica dos Med foi 50%, sendo mais baixa do que a dos Odo (estudantes = 65 e residentes = 80, Kruskal-Wallis/Dunn, p<0,01). Aproximadamente 70% dos Med se percebeu não confiante ou realmente não confiante para o diagnóstico de úlceras bucais, enquanto nenhum participante da Odo se percebeu dessa forma. A percepção de autoconfiança foi maior entre os Odo do que entre os Med (Kruskal Wallis/Dunn, p<0,01). O percentual de acertos no teste de capacidade diagnóstica e a especificidade dos residentes de Medicina aumentaram após a intervenção educacional (teste t de Student, p <0,01). Conclui-se que o conhecimento de Med é limitado e que uma intervenção educacional a distância pode ser uma alternativa para atenuar essa lacuna de formação.

Oral ulcers are one of the most frequent oral mucosal alterations. They present a wide spectrum of etiologic factors and clinical characteristics that can hinder the diagnostic process. Knowledge regarding these injuries is important, as it can be an alarming factor for some systemic conditions. The most common oral malignancy (Squamous cell carcinoma) typically manifests as a single ulcer. Its high morbidity and mortality rates are directly related to late diagnosis. In general, physicians and medical students are poorly informed about oral health and oral cancer topics and often fail to contribute to this disease. Thus, the aim of this study was to evaluate the diagnostic ability and perception of self-confidence of medical residents and students trainee in relation to ulcerated lesions of the mouth and the impact of a distance educational intervention on these parameters, comparing their performances with those of dental students and residents. The sample of this quasi-experimental study with educational intervention was composed of 49 participants from the medical area (Med) and 28 from the dentistry area (Odo). The diagnostic ability test comprised a questionnaire containing 20 clinical photos of oral lesions and the perception of self-confidence was evaluated from a 5 levels Likert scale. The educational intervention, applied among the Med, was characterized by video lectures that accounted for 48 minutes in duration. The median for diagnostic ability of the Med ranged around 50%, being lower than Odo (students = 65 and residents = 80, KruskalWallis/Dunn, p<0.01). Approximately 70% of the Med perceived not confident or not really confident for diagnosing oral ulcers, while 85.7% of Odo reported being confident or very confident. The perception of self-confidence was higher among Odo than Med (Kruskal Wallis/Dunn, p<0.01). The percentage of correct answers for diagnostic ability test and specificity of medical residents increased after educational intervention (Student's t-test, p <0.01). It may be concluded that the knowledge of Med is limited and that a distance educational intervention can be an alternative to attenuate this training gap.