Avaliação prognóstica da acidemia grave em pacientes criticamente doentes

Abstract

Acidose é uma condição potencialmente fatal e o conhecimento sobre acidose extrema no cenário da doença crítica é incompleto e pouco estudado. Com isso, o presente estudo propõe-se a realizar uma análise do perfil dos pacientes criticamente doentes com acidose extrema. Uma coorte retrospectiva dos pacientes internados na unidade de terapia intensiva nos últimos 10 anos com gasometria arterial com pH inferior a 7,0 foi realizada. Dados clínicos e análises de gases sanguíneos foram obtidos de prontuários eletrônicos. O desfecho primário foi a mortalidade intra-hospitalar. Os desfechos secundários foram necessidade de vasopressores, ventilação mecânica (VM) e/ou terapia renal substitutiva (TRS), tempo gasto em VM e TRS e tempo de permanência na UTI e no hospital. Além disso, a abordagem simplificada do método de Stewart para avaliação de distúrbios ácido-básicos foi aplicada para analisar as causas da acidose. No período de janeiro de 2012 a dezembro de 2021 houve 371 gasometrias arteriais com pH menor que 7,0 em 231 pacientes. A acidose metabólica foi o subtipo mais frequente. A mortalidade geral foi de 42,8% (n=95). Não houve diferença na mortalidade entre os grupos com distúrbios primários respiratórios, metabólicos ou mistos, mas a necessidade de vasopressores, a necessidade e a duração da VM e o tempo de permanência no hospital e na UTI foram diferentes entre os grupos. Pacientes com acidose extrema causada por ânions não medidos com lactato ≥4 mmol/L tiveram maior mortalidade em comparação com pacientes com acidose extrema causada por ânions não medidos com lactato <4 mmol/L.

Acidosis is a potentially fatal condition and knowledge about extreme acidosis in the setting of critical illness is incomplete and not well understood. With this, the present study proposes to analyze the profile of critically ill patients with extreme acidosis. A retrospective cohort of patients admitted to the intensive care unit in the last 10 years with arterial blood gas pH below 7.0 was performed. Clinical data and blood gas analyzes were obtained from electronic medical records. The primary outcome was in-hospital mortality. Secondary outcomes were need for vasopressors, mechanical ventilation (MV) and/or renal replacement therapy (RRT), time spent on MV and RRT, and length of stay in the intensive care unit (ICU) and hospital. In addition, a simplified Stewart approach to acid-base disorders was applied to analyze the causes of acidosis. From January 2012 to December 2021 there were 371 arterial blood gasses with pH less than 7.0 in 231 patients. Metabolic acidosis was the most frequent subtype. Overall mortality was 42.8% (n=95). There was no difference in mortality between groups with primary respiratory, metabolic, or mixed disorders, but the need for vasopressors, the need for and duration of MV, and the length of stay in the hospital and ICU were different among groups. Patients with extreme acidosis caused by unmeasured anions with lactate ≥4 mmol/L had higher mortality compared with patients with extreme acidosis caused by unmeasured anions with lactate <4 mmol/L.