Autorrelato de sintomas e cuidados bucais em casos não hospitalares de covid-19

Abstract

Introdução: A presente dissertação foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Odontologia da UFRGS e teve por objetivo avaliar os hábitos e cuidados de saúde bucal e manifestações bucais e olfativas em pacientes com COVID-19. Esta dissertação está composta por 3 partes: antecedentes e justificativa, artigo científico e considerações finais. A primeira parte traz a revisão da literatura a respeito do tema e justifica o objeto de estudo desta dissertação. O artigo científico refere-se aos fatores preditores das manifestações bucais/olfativas em indivíduos com COVID-19. A correlação entre o vírus SARS-CoV-2 e as manifestações bucais/olfativas ainda é controversa e poucos estudos têm avaliado quais são os fatores preditores que levam a estas manifestações. Neste contexto, o objetivo do estudo foi descrever os hábitos e cuidados de saúde bucal em pacientes que tiveram COVID-19 e identificar as manifestações bucais e olfativas que ocorreram na presença da doença e seus fatores relacionados. Por fim, a dissertação apresenta a seção de considerações finais. Materiais e métodos: Um estudo observacional foi realizado com 408 indivíduos com diagnóstico positivo para COVID-19. Os participantes foram convidados a participar do estudo através de mensagem eletrônica enviada pelos pesquisadores e, após consentirem em participar, responderam a um questionário composto por 50 perguntas relacionadas aos cuidados bucais e domiciliares e manifestações bucais/olfativas durante a COVID-19. Foram calculadas médias e desvio padrão para as variáveis contínuas e frequência relativa e absoluta para as variáveis categóricas. A associação entre manifestações bucais e olfativas e seus possíveis preditores foi avaliada por meio de regressão logística. Resultados: A maioria dos participantes do estudo era do sexo feminino e com idade menor ou igual que 39 anos. 79% dos participantes relataram não ter alterado os seus hábitos de higiene bucal durante o período que estiveram com COVID-19. A maior parte da amostra (77,2%) relatou ter feito uso de algum tipo de medicação para COVID-19. As manifestações bucais/olfatórias mais prevalentes foram ageusia, anosmia e xerostomia (boca seca). A análise multivariada mostrou que pacientes que 9 fizeram uso de algum tipo de medicação para COVID-19 tinham 87% mais chances de ter algum tipo de manifestação bucal/olfativa. Conclusão: Conclui-se que, através dos resultados deste estudo, aqueles pacientes que fazem uso de alguma medicação para COVID-19 têm mais chance de ter algum tipo de manifestação bucal/olfativa. Esses resultados devem ser confirmados ou refutados em estudos com populações maiores e com desenhos experimentais que permitam avaliar temporalidade.

Introduction: The present dissertation was performed in the Graduate Program in Dentistry at UFRGS and aimed to evaluate the habits and oral health care and oral and olfactory manifestations in patients with COVID-19. This dissertation is composed of 3 parts: background and justification, scientific article and final remarks. The first part brings a review of the literature on the subject and justifies the object of study of this dissertation. The scientific article refers to predictors of oral/olfactory manifestations in individuals with COVID-19. The correlation between the SARS-CoV2 virus and oral/olfactory manifestations is still controversial and few studies have evaluated the predictive factors that lead to these manifestations. In this context, the objective of the study was to describe the habits and oral health care in patients who had COVID-19 and to identify the oral and olfactory manifestations that occurred in the presence of the disease and its related factors. Finally, the dissertation presents the concluding remarks section. Materials and methods: An observational study was carried out with 408 individuals diagnosed with COVID-19. Participants were invited to participate in the study through an electronic message sent by the researchers and, after consenting to participate, they answered a questionnaire consisting of 50 questions related to oral and home care and oral/olfactory manifestations during COVID-19. Means and standard deviations were calculated for continuous variables and relative and absolute frequencies for categorical variables. The association between oral and olfactory manifestations and their possible predictors was evaluated using logistic regression. Results: Most study participants were female and aged less than or equal to 39 years. 79% of participants reported not having changed their oral hygiene habits during the period they were with COVID-19. Most of the sample (77.2%) reported having used some type of medication for COVID-19. The most prevalent oral/olfactory manifestations were ageusia, anosmia, and xerostomia (dry mouth). Multivariate analysis showed that patients who used some type of medication for COVID-19 were 87% more likely to have some type of oral/olfactory manifestation. 11 Conclusion: It is concluded that, through the results of this study, those patients who use some medication for COVID-19 are more likely to have some type of oral/olfactory manifestation. These results must be confirmed or refuted in studies with larger populations and with experimental designs that allow the evaluation of temporality.