Educação matemática e literatura : possibilidades de ressignificações

Abstract

O artigo apresenta resultados de uma investigação centrada em examinar possíveis ressigniĕ cações que a leitura literária opera nos sentidos que estudantes atribuem à matemática escolar. Os aportes teóricos ancoram-se em discussões contemporâneas sobre a linguagem e a noção de experiência como proposto por Jorge Larrosa. O material examinado é composto por enunciações de alunos de duas turmas da etapa ĕ nal do Ensino Fundamental produzidas em dois momentos: o primeiro, envolveu uma reĘ exão em sala de aula sobre a matemática escolar. O segundo momento consistiu na leitura de trechos da obra Alice no País do Espelho, de Lewis Carroll (2004), com o intuito de gerar diálogos e novas produções de signiĕ cados sobre a matemática e a sociedade. A análise mostrou que a matemática é tomada como um conjunto de saberes presente “em todos os lugares”, sendo concebida como estática, única e universal. Ao mesmo tempo, foi posicionada como indispensável para resolver as situações do cotidiano e possibilitar a imersão no mercado de trabalho. Assim, constata-se que são cambiantes as formas dos estudantes conceberem a matemática escolar, mesclando visões platônicas e utilitaristas. Outro resultado do estudo diz respeito aos movimentos de questionamento da lógica presente tanto na matemática escolar quanto na vida em um sentido mais amplo mobilizados pela leitura literária.

The article presents results of an investigation centered on examining possible reframings that literary reading operates in the meanings that students attribute to school mathematics.  eoretical contributions are anchored in contemporary discussions about language and the notion of experience as proposed by Jorge Larrosa.  e material examined is composed of statements by students from two classes in the ĕ nal stage of elementary school, produced in two moments: the ĕ rst involved a reĘ ection in the classroom about school mathematics.  e second moment consisted of reading excerpts from the work Alice in the Mirror, by Lewis Carroll (2004), in order to generate dialogues and new productions of meanings about mathematics and society.  e analysis showed that mathematics is taken as a set of knowledge present “everywhere”, being conceived as static, unique and universal. At the same time, it was positioned as indispensable for solving everyday situations and enabling immersion in the job market.  us, it appears that the ways in which students conceive school mathematics are changing, mixing Platonic and utilitarian views. Another result of the study concerns the questioning movements of the logic present both in school mathematics and in life in a broader sense mobilized by literary reading.