Repercussão da infecção por SARS-CoV-2 em crianças tratadas em serviços de oncologia, hematologia ou transplante de medula óssea no Brasil : estudo multicêntrico
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Data
2022Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Mestrado
Tipo
Assunto
Resumo
Introdução: No final do ano de 2019, um novo Coronavírus foi identificado por cientistas chineses em Wuhan, na China. Denominado como SARS-CoV-2, em razão da sua grande semelhança com a já conhecida Síndrome Respiratória Aguda Grave, o vírus se propagou rapidamente para outros países incluindo o Brasil. Devido a suas dimensões continentais e diferenças regionais significativas, o país tem enfrentado um grande desafio em estabelecer estratégias adequadas para mitigar o forte impacto causado pela ...
Introdução: No final do ano de 2019, um novo Coronavírus foi identificado por cientistas chineses em Wuhan, na China. Denominado como SARS-CoV-2, em razão da sua grande semelhança com a já conhecida Síndrome Respiratória Aguda Grave, o vírus se propagou rapidamente para outros países incluindo o Brasil. Devido a suas dimensões continentais e diferenças regionais significativas, o país tem enfrentado um grande desafio em estabelecer estratégias adequadas para mitigar o forte impacto causado pela chegada da COVID-19, doença causada pelo SARS-CoV-2, no território nacional. Poucos relatos descrevem o impacto desse vírus na população de pacientes pediátricos com câncer ou submetidos ao transplante de células-tronco hematopoiéticas (TCTH). Menos frequentes ainda são as descrições das situações dessas crianças em países de baixa ou média renda. Objetivo: descrever a apresentação clínica e a evolução de crianças com câncer e pacientes submetidos a transplante de células-tronco hematopoiéticas acometidos pela COVID-19. Métodos: estudo nacional multicêntrico retrospectivo. Centros foram convidados a participar através da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE) e Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH). Com a utilização do software Redcap® foram registrados, nos 35 centros participantes, pacientes adultos e pediátricos em acompanhamento com suspeita de infecção por SARS-CoV-2 ou que tenham sido expostos à pessoa contaminada. As variáveis registradas incluíram sintomas clínicos, método diagnóstico, medidas terapêuticas e local de tratamento. Além disso, as repercussões da infecção no tratamento inicial e no prognóstico geral também foram avaliadas. Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética do HCPA. Resultados: Cento e setenta e nove crianças com câncer foram diagnosticadas com SARS-CoV-2. Crianças com IMC baixo ou alto para a idade apresentaram sobrevida global menor 71,4% e 82,6%, respectivamente, do que aquelas com IMC adequado à idade (92,7%) (p= 0,007). A gravidade da apresentação ao diagnóstico foi significativamente associada ao pior desfecho (p< 0,001). A mortalidade geral na presença de infecção foi de 12,3% (n=22). Entre os 86 pacientes receptores de TCTH e diagnosticados com SARS-CoV-2 acompanhadas neste estudo, 24 eram crianças e 62 eram adultos. Desse total, 26 pacientes morreram. A sobrevida global estimada (SG) no dia 40 foi de 69%. Os adultos apresentaram SG inferior às crianças (66% vs 79%, p= 0,03). A gravidade dos sintomas no momento do diagnóstico, escore ECOG, exames laboratoriais (proteína C reativa, valores de ureia) foram maiores nos pacientes que foram a óbito (p< 0,05). Conclusões: Em crianças com câncer e COVID-19, o menor IMC foi associado a um pior prognóstico. A mortalidade neste grupo de pacientes (12,3%) foi significativamente maior do que a descrita na população pediátrica em geral (~1%). No que se refere aos receptores de TCTH infectados com SARS-CoV-2 também foi observada uma alta taxa de mortalidade principalmente em adultos e pacientes com apresentação inicial crítica de COVID-19. Esses achados mostram a fragilidade de ambos os grupos estudados à infecção por SARS-CoV-2 e evidencia a importância da adesão dessas populações às medidas preventivas, além da vacinação dos familiares e equipe assistencial. ...
Abstract
Introduction: In late 2019, a new coronavirus was identified by Chinese scientists in Wuhan, China. Named SARS-CoV-2, for its great similarity to the already known Severe Acute Respiratory Syndrome, the virus quickly spread to other countries, including Brazil. Due to its continental dimensions and significant regional differences, the country has faced a great challenge in establishing adequate strategies to mitigate the strong impact caused by the arrival of COVID-19, a disease caused by SARS ...
Introduction: In late 2019, a new coronavirus was identified by Chinese scientists in Wuhan, China. Named SARS-CoV-2, for its great similarity to the already known Severe Acute Respiratory Syndrome, the virus quickly spread to other countries, including Brazil. Due to its continental dimensions and significant regional differences, the country has faced a great challenge in establishing adequate strategies to mitigate the strong impact caused by the arrival of COVID-19, a disease caused by SARS-CoV-2, in the national territory. Few reports describe the impact of this virus in the population of pediatric patients with cancer or undergoing hematopoietic stem cell transplantation (HSCT). Even less frequent are descriptions of the situation of these children in low- and middle-income countries. Objective: to describe the clinical presentation and evolution of children with cancer and patients undergoing hematopoietic stem cell transplantation affected by COVID-19. Methods: national multicenter retrospective study. The centers were invited to participate through the Brazilian Society of Pediatric Oncology (SOBOPE) and the Brazilian Association of Hematology and Hemotherapy (ABHH). Using Redcap® software, follow-up adult and pediatric patients with suspected SARS-CoV-2 infection or who were exposed to an infected person were enrolled from 35 participating centers. The variables recorded included clinical symptoms, diagnostic method, therapeutic measures, and treatment site. In addition, the repercussions of infection on initial treatment and overall prognosis were also evaluated. This study was approved by the HCPA Ethics Committee. Results: One hundred and seventy-nine children with cancer were diagnosed with SARS-CoV-2. Children with a low or high BMI for their age had 71.4% and 82.6% lower overall survival, respectively, than those with an age-appropriate BMI (92.7%) (p=0.007). Severity of presentation at diagnosis was significantly associated with worse outcome (p < 0.001). Overall mortality in the presence of infection was 12.3% (n=22). Among the 86 HSCT recipients diagnosed with SARS-CoV-2 followed up in this study, 24 were children and 62 were adults. Of this total, 26 patients died. The estimated overall survival (OS) at day 40 was 69%. Adults had lower OS than children (66% vs 79%, p=0.03). Symptom severity at diagnosis, ECOG score, laboratory tests (C-reactive protein, urea values) were higher in patients who died (p < 0.05). Conclusions: In children with cancer and COVID-19, lower BMI was associated with worse prognosis. Mortality in this group of patients (12.3%) was significantly higher than that reported in the general pediatric population (~1%). Regarding HSCT recipients infected with SARS-CoV-2, a high mortality rate was also observed, mainly in adults and patients with critical initial presentation of COVID-19. These findings show the fragility of both groups studied for SARS-CoV-2 infection and highlight the importance of these two populations adhering to preventive measures, in addition to vaccinating family members and care teams. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente.
Coleções
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