Impactos funcionais e qualidade de vida em mulheres pós tratamento cirúrgico para câncer de mama

Abstract

Introdução: O câncer de mama (CM) é a doença oncológica mais insidiosa com a maior taxa de mortalidade entre as mulheres no mundo. Apesar disto, as taxas de sobrevida após o diagnóstico crescem anualmente acompanhadas de queda da mortalidade. Os avanços científicos recentes permitem um outro cenário de tratamento, porém, complicações pós-operatórias como a morbidade do membro superior (MS) ainda se destacam como altamente debilitantes. Objetivo: Avaliar os impactos funcionais e de qualidade de vida (QV) em mulheres submetidas à Cirurgia Reconstrutiva (CR), Mastectomia (MT) e Cirurgia Conservadora (CC). Método: Estudo transversal, realizado com 78 mulheres em regime de assistência pós- operatória pelo Serviço de Mastologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA. Após pelo menos 6 meses de pós-operatório, os pacientes foram avaliados quanto aos desfechos funcionalidade e QV através de uma entrevista utilizando os questionários EORTC QLQ-C30 (European Organization For Research And Treatment Of Cancer Quality Of Life Questionnaire), EORTC QLQ-BR23 (EORTC QLQ Breast Cancer-Specific Module), SPADI (Shoulder Pain and Disability Index) e DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder, and Hand Questionnaire). A amostra foi caracterizada conforme dados coletados me prontuário eletrônica, considerando informações cirúrgicas, clínicas e referente aos tratamentos adjuvantes adotados. Resultados: Entre junho de 2016 e julho de 2017, 78 mulheres foram avaliadas, distribuídas igualmente entre os grupos de CC, MT e CR. Independente a cirurgia mamária realizada, houve bom estado de saúde global, bom status funcional e baixo grau de problemas sintomatológicos. Observou-se também baixo grau de incapacidade / sintomas e bom status de função / sintomatologia de dor por DASH e SPADI, respectivamente. Excepcionalmente, houve baixa função sexual para todos os grupos, e diferenças entre os grupos MT e CR para capacidade social. Conclusão: é possível esperar boa qualidade de vida, bom estado funcional e baixo grau de problemas sintomatológicos no pós-operatório de médio e longo prazo. Estudo futuros devem considerar a possibilidade de avaliação destes desfechos em momentos específicos da recuperação pós-operatória, além de características relacionadas a tratamentos adjuvantes e de investigação mais específica de fatores de influência para desfechos sexuais.

Introduction: Breast cancer (BC) is the most insidious oncological disease with the highest mortality rate among women in the world, however, with increasing post- diagnosis life expectancy and decreased mortality each year. The recent scientific advances allow a new treatment scenery but post-surgery complications as the morbidity of the upper limb is still highly debilitating. Objective: Assess the functional and quality of life (QoL) impacts in women submitted to breast conserving surgery (BCS), mastectomy (ME) and reconstructive surgery (RS) after ME. Materials and Method: A cross-sectional study was conducted with 78 women in a postoperative care program at the Mastology Service of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA. After at least 6 postoperative months, patients were assessed for functional and QoL outcomes by means of an interview using the EORTC QLQ-C30 questionnaires (European Organization For Research And Treatment Of Cancer Quality Of Life Questionnaire) (EORTC QLQ Breast Cancer-Specific Module), SPADI (Shoulder Pain and Disability Index) and DASH (Disabilities of the Arm, Shoulder, and Hand Questionnaire). The sample was also characterized according to data collected in the electronic medical record, considering surgical date, clinical information and adjuvant treatments adopted detailed. Results: Between June 2016 and July 2017, 78 women were evaluated, equally distributed among the conservative surgery, mastectomy and reconstructive surgery groups. Regardless of the performed breast surgery, there was an overall good health state, good functional state and low grade of symptomatological problems. A low incapacity/symptoms grade was observed and good function/pain symptomatology status by DASH and SPADI, respectively. Exceptionally, there was a low sexual function in all the groups and differences between the ME and RS groups for social capacity. Conclusion: It is possible to expect good quality of life, good functional status and low degree of symptom problems in the medium and long term postoperative BC. Future studies should consider the possibility of evaluating these outcomes at specific moments of postoperative recovery, in addition to features related to adjuvant treatments and more specific investigation of influencing factors for sexual outcomes.