Educação das funções executivas : revisão narrativa sobre os meios de aprimorar as funções executivas de alunos em ambiente escolar através de programas de intervenção

Abstract

Funções executivas (FE’s) são “ferramentas mentais", isto é, diversas capacidades cognitivas e comportamentais mediadas principalmente pelo córtex pré-frontal, utilizadas para cumprir metas e objetivos, sem desconsiderar aspectos emocionais, morais e éticos. As FE's permeiam todo comportamento voluntário, esforçado e concentrado do ser humano e são relevantes em diversos aspectos da vida humana, como no campo da saúde, na vida profissional, social e escolar. A qualidade de seus atributos, já com gradual evolução na criança, é um forte indicador de sucesso escolar e de qualidade na vida adulta. O curso de seu desenvolvimento se dá ao longo da infância e da adolescência quando ocorre a neuroplasticidade típica dessas fases iniciais da vida, configurando a etapa de maturação das FE’s. No entanto, durante esse período, seu progresso é fortemente marcado pela influência do ambiente. Um suporte contextual qualificado poderá promover maiores avanços, ao passo que, em um ambiente desfavorável, seu desenvolvimento estará mais suscetível a sofrer sérios prejuízos. Assim sendo, proporcionar atividades propícias ao bom desenvolvimento das FE’s de crianças e adolescentes passa a ser pauta prioritária, especialmente em ambiente escolar e familiar. O objetivo deste trabalho é realizar uma revisão narrativa acerca dos meios para promover as FE’s dos alunos em ambiente escolar, à luz da neurociência cognitiva, e apresentar programas de intervenção para o aprimoramento das FE’s com resultados satisfatórios. s. São princípios que norteiam os programas a partir de achados neurocientíficos: as FE's podem ser treinadas - quanto antes, melhor, mas antes tarde do que nunca; a instituição inteira deve proporcionar o bem estar geral dos seus estudantes em todas suas dimensões; a intervenção deve ter validade ecológica; o programa deve ensinar explicitamente habilidades e estratégias executivas e metacognitivas, promover a prática no ambiente de treino e incentivar o seu exercício fora dele; a intervenção deve promover autonomia gradual e dificuldade crescente nas atividades; deve-se atentar a fatores individuais dos participantes e prezar por tutores atenciosos; deve-se promover o engajamento dos participantes através do envolvimento emocional e motivacional e evitar todo fator desagradável e estresse desnecessário. Considerando a relevância das habilidades executivas na qualificação do indivíduo e, por conseguinte, de uma sociedade mais humana e competente, há premência de maiores investimentos para o seu aprimoramento pelos responsáveis pela educação, nas escolas e nas próprias famílias.

Executive functions (EF's) are "mental tools", that is, various cognitive and behavioral capacities mediated mainly by the prefrontal cortex, used to fulfill goals and objectives, without disregarding emotional, moral and ethical aspects. EF's permeate all voluntary, effortful and focused behavior in human beings and are relevant in several aspects of human life, such as health, professional, social, and school issues. The quality of their attributes, displaying gradual evolution already in children, is a strong indicator of academic achievement and quality of life in adulthood. The course of its development takes place throughout childhood and adolescence when the typical neuroplasticity of these early stages of life occurs, constituting the period of maturation of EF's. However, during this phase, its progress is strongly marked by environmental influences. A qualified contextual support may promote greater progress, whereas, in an unfavorable environment, its development will be more susceptible to suffer serious impairment. Therefore, providing propitious activities to the development of EFs in children and adolescents becomes a priority agenda, especially in school and family environments. The goal of this study is to carry out a narrative review of the means to promote students' EF's in a school environment, in light of cognitive neuroscience, and to present intervention programs for the improvement of EF's with satisfactory outcomes. The principles based on neuroscientific findings that guide these programs are listed below: EF's can be trained - the sooner, the better, but better late than never; the entire institution must provide for the general well-being of its students in all its dimensions; the intervention must have ecological validity; the program should explicitly teach executive and metacognitive skills and strategies, promote practice in the training environment and encourage their exercise outside of it; the intervention should promote gradual autonomy and increasing difficulty of activities; attention should be paid to individual factors of the participants and favor caring tutors; participants must be engaged through emotional and motivational involvement and any unpleasant factor and unnecessary stress avoided. Considering the importance of executive skills in individual qualification and, therefore, in a more humane and competent society, there is an urgency for greater investments in its improvement by those responsible for education in schools and families.