Corpos d'água : escritas sobre encontros e percursos

Abstract

Este é um trabalho que trata da educação ambiental colocando o corpo que observa como parte do corpo que é observado, por isso não existe uma linha que separa o sentir do observar. A cartografia chega aos corpos como uma alternativa de experimentarem-se em novas formas de existência. As palavras aqui contidas não trazem dados, números, estatísticas ou respostas, o trabalho se compõe na narrativa do percurso de um rio. Foi no encontro dos corpos d’água e somente nesse território, que se fez possível esse percurso. O território dos encontros se deu durante o desenvolvimento do projeto de Educação Ambiental por mim pensado, escrito e ministrado em uma Escola Pública Municipal da Lomba do Pinheiro, Porto Alegre, e no bairro do entorno. Imprescindível dizer que esse território se estendeu muito mais ao entorno da escola do que ao prédio e às salas de aula. Tanto mais sinuoso é o trajeto de um rio, mais suas margens acumulam histórias. Cada curva abre em seguida uma infinidade de possibilidades de paisagens e contornos. Não houve fórmulas ou receitas para esses corpos habitarem o território a que se propuseram explorar, apenas pistas de como seus sentidos poderiam operar para melhor conduzir sua atenção. É preciso molhar-se nas águas desse rio para conhecê-lo, preciso fazer-se corpo d’água e compor o conjunto de encontros suscitados. Por meio da cartografia, a experimentação da educação ambiental a partir das sensações do corpo, leva a narrativa do percurso de um rio, perpassando suas partes - Olho D’água, Afluentes, Meandro, Confluência e Desembocadura - apenas como guias do percurso. A experimentação do corpo é o fim último dessa narrativa, não tendo por objetivo demarcar ou concluir nada, apenas propiciar sentires e reflexões ao longo do percurso da minha aventura enquanto educadora, tendo como atravessamentos a contação de histórias, a Educação Ambiental, os encontros e o percurso.