Ciência é lugar de mulher? uma análise sobre a participação das mulheres na área de ecologia

Abstract

A ecologia é um campo de pesquisa dominado por mulheres até a pósgraduação. Entretanto, mulheres figuram cerca de 40% menos em artigos científicos que os homens. Nesse estudo, utilizamos dados de publicações de alunos do Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul para compreender se há viés de gênero no número de publicações e qualidade do periódico científico escolhido. A pesquisa foi realizada com base na lista de defesas de dissertações de mestrado e teses de doutorado entre os anos de 2013 a 2016. Com a lista em mãos, foi feita uma busca na Plataforma Lattes para acessar as publicações dos alunos durante o período, extraindo as seguintes informações: curso do aluno; data de defesa; nome do primeiro e último autor; ano de publicação; nome da revista; fator de impacto da revista e QUALIS-CAPES do periódico na área de Biodiversidade. Para quantificar a participação das mulheres nas publicações, foram feitas análises estatísticas, utilizando modelos lineares generalizados, com significância estatística de α = 0.05. Verificamos que não há disparidade de gênero no número de publicações, nem em relação ao fator de impacto da revista. Já quando a última autora é mulher, 78.2% das primeiras autoras também são mulheres (P<0.05). A partir desse resultado, podemos inferir que quando a orientadora é mulher, há uma tendência de ter mais alunas mulheres sob sua supervisão. Os resultados positivos de equidade de gênero na ecologia podem ser explicados pelo fato do Brasil ser um dos países da América Latina que mais investe no acesso à educação superior e o único país latino-americano com uma universidade classificada entre as 150 melhores do mundo. Desta forma, compreendemos que este estudo, além de investigar padrões do aluno egresso do PPG-Ecologia, também é relevante para discutir disparidades de gênero no meio acadêmico considerando os fatores locais e sociais que estão por trás do recorte amostral feito nesse trabalho.

Ecology is a research field dominated by women until graduate school. However, women figure about 40% less in scientific articles than men. In this study, we compiled publication data of students of the Graduate Program in Ecology of the Federal University of Rio Grande do Sul to understand if there is gender bias in the number of publications and quality of the scientific journal. The research was based on the list of MSc. dissertation and PhD. thesis from 2013 to 2016. We made a search on Lattes Platform to access student publications during the period, recording the following information: student course; date of presentation; name of first and last author; year of publication; journal’s title; journal’s impact factor and QUALIS-CAPES of the journal in Biodiversity area. We quantified women's participation in publications through generalized linear models, with statistical significance of α = 0.05. We found no gender disparity in the number of publications, nor in relation to journal’s impact factor. Evaluating relationships between gender of first and last author, when the last author is a woman, 78.2% of the first authors are also women (P <0.05). From this result, we can infer that when the supervisor is a woman, they are more propense to have more female students under her supervision. Our positive results on gender equity in ecology can be explained by the fact that Brazil is one of the Latin American countries that most invests in access to college education and the only Latin American country with a university ranked among the top 150 in the world. Thus, we understand that this study, besides investigating patterns of graduate student from Graduate Program in Ecology, is also relevant to discuss gender disparities in academia considering the local and social factors behind the sample cutout made in this work.