As iniquidades em saúde vivenciadas pela pessoa idosa no serviço de emergência de um hospital público do Sul do Brasil : notas a partir do protocolo de assistência ao idoso hospitalizado

Abstract

Observa-se o aumento da expectativa de vida, levando idosos e idosas a acessar de forma mais frequente os serviços de saúde, em especial, os voltados a Rede de Urgências e Emergências, considerada como uma das portas de entrada no Sistema Único de Saúde (COSTA et.al., 2020). Torna-se pertinente problematizar como este ponto de atenção elabora a assistência a esta população, sem ignorar a heterogeneidade do envelhecer no Brasil, marcado por aspectos da estrutura social desigual, resultando nas chamadas iniquidades em saúde. O Hospital de Clínicas de Porto Alegre, desde o ano de 2019, vem imbuindo esforços para qualificação da assistência voltada à pessoa idosa, engloba-se em especial, a criação do Protocolo de Assistência ao Idoso Hospitalizado, a qual atenta para pontos que perpassam a velhice, bem como, sinaliza condutas a serem desencadeadas. O objetivo deste estudo é analisar como este Protocolo incorporado no Serviço de Emergência do Hospital de Clínicas de Porto Alegre contribui no atendimento as iniquidades em saúde vivenciadas pela pessoa idosa. Optou-se pelo tipo de pesquisa qualitativa, classificada como exploratória. A coleta de dados foi dividida em dois momentos: pesquisa documental, tendo o Protocolo de Assistência ao Idoso Hospitalizado como fonte e entrevistas semiestruturadas. A análise dos resultados se deu por meio de análise de conteúdo (Bardin, 2011). Diante dos dados obtidos no estudo, pode-se considerar que o Protocolo de Assistência ao Idoso Hospitalizado sinaliza pontos da discussão sobre as iniquidades em saúde manifestadas pela pessoa idosa hospitalizada no serviço de emergência. Este, por mais objetivo e operacional que pareça, gera nos sujeitos viabilizadores do direito à saúde a expansão do conhecimento sobre aquilo que se intervém, onde a partir de novos questionamentos das práticas profissionais, passam a promover a criação de uma cultura institucional que vá ao encontro de respostas às demandas da pessoa idosa hospitalizada. Como forma de potencializar estes processos e criar formas de enfrentamento à realidade que se coloca, identificou-se um necessário adensamento de espaços onde propiciem que estas discussões ultrapassem a capacidade individual de reflexão e se una aos demais sujeitos que compõem o serviço de emergência hospitalar. No entanto, movimentos importantes têm sido reconhecidos e elaborados pela equipe assistencial frente às implicações das iniquidades em saúde vivenciadas pela pessoa idosa, como é o caso da atuação multidisciplinar impulsionado pelos profissionais. Outrossim, este estudo além de responder aos objetivos propostos, propiciou identificar os desafios da relação entre Protocolo de Assistência ao Idoso Hospitalizado e sua operacionalização dentro do Serviço de Emergência Hospitalar, evidenciando questões caricatas do espaço, como a superlotação, equipe reduzida e as problemáticas dos acompanhantes e sua permanência junto à pessoa idosa hospitalizada.

There is an increase in life expectancy, leading the elderly to access health services more frequently, in particular those aimed at the Urgency and Emergencies Network, considered as one of the gateways to the Unified Health System ( COSTA et.al., 2020). It is pertinent to problematize how this point of attention develops care for this population, without ignoring the heterogeneity of aging in Brazil, marked by aspects of the unequal social structure, resulting in the so-called health inequities. The Hospital de Clinicas de Porto Alegre, since 2019, has been making efforts to improve care for the elderly, including the creation of the Protocol for Assistance to the Hospitalized Elderly person, which pays attention to points that permeate the old age, as well, signals behaviors to be initiated. The aim of this study is to analyze how this Protocol, incorporated in the Emergency Service of the Hospital de Clínicas de Porto Alegre, contributes to meeting the health inequities experienced by the elderly. We opted for the type of qualitative research, classified as exploratory. Data collection was divided into two stages: documentary research, using the Hospitalized Elderly Care Protocol as a source, and semi-structured interviews. The analysis of the results took place through content analysis (Bardin, 2011). In view of the data obtained in the study, it can be considered that the Protocol for Assistance to the Hospitalized Elderly person indicates points of discussion about the health inequities manifested by the elderly person hospitalized in the emergency service. This, however objective and operational it may seem, generates in the subjects that make the right to health viable the expansion of knowledge about what intervenes, where, from new questions about professional practices, they start to promote the creation of an institutional culture that goes to the finding answers to the demands of the hospitalized elderly person. As a way to enhance these processes and create ways of coping with the reality that arises, it was identified a necessary density of spaces where these discussions allow these discussions to go beyond the individual capacity for reflection and unite with the other subjects that make up the hospital emergency service. However, important movements have been recognized and elaborated by the care team in view of the implications of the health inequities experienced by the elderly, as is the case of the multidisciplinary action promoted by professionals. Furthermore, this study, in addition to responding to the proposed objectives, identified the challenges of the relationship between the Protocol for Assistance to the Hospitalized Elderly and its operationalization within the Hospital Emergency Service, highlighting ridiculous space issues, such as overcrowding, reduced staff and the problems of companions and their stay with the hospitalized elderly person.