Dos estigmas aos desafios para a humanização : a assistência à saúde prestada em uma maternidade pública às mulheres que usam psicoativos

Abstract

Este trabalho resulta do processo de formação em serviço vivido no âmbito hospitalar, especificamente na atenção à saúde materno-infantil e na atenção integral à pessoa usuária de drogas. Aborda sobre a assistência à saúde prestada na Maternidade às mulheres, gestantes e puérperas, que usam psicoativos. Tem como objetivo analisar a assistência à saúde oferecida na Maternidade às mulheres, gestantes e puérperas, que usam psicoativos, identificando os desafios para a humanização em saúde, com vistas a contribuir com a qualificação da atenção materno-infantil. Trata-se de um estudo qualitativo e documental, realizado a partir dos prontuários on-line de mulheres que usam psicoativos e de seus recém-nascidos (RNs). A amostra da pesquisa foi intencional e composta por 15 prontuários, sendo oito de mulheres e sete de RNs. Os participantes da pesquisa foram pacientes que estiveram internados no período de julho a agosto de 2021 na Maternidade do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), os quais consentiram em participar do estudo, que foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HCPA. Os resultados da pesquisa caracterizam a assistência à saúde prestada na Maternidade às mulheres, gestantes e puérperas, que usam psicoativos, demonstram aspectos do uso de psicoativos realizados por essas mulheres e evidenciam alguns desafios para o atendimento humanizado em saúde, tais como as manifestações de estigmas relacionados a essas mulheres. O desafio para a humanização no atendimento à saúde dessas mulheres perpassa pelo entendimento de que o resultado positivo de um teste rápido para maconha e cocaína pode ser uma possibilidade de cuidado em saúde para com essa mulher e seu RN. O investimento nas abordagens de educação em saúde com as famílias são fundamentais para o cuidado da mulher e proteção do RN, bem como o acesso ao tratamento relacionado ao uso de psicoativos. E por fim, outro desafio à humanização em saúde, é a necessidade de qualificar as atividades de educação sexual e reprodutiva na Maternidade, que reduzem-se à contracepção.