The art of androgyny : Andro in Dorian, Gyne in Gray

Abstract

Esta monografia propõe uma leitura do único romance de Oscar Wilde, O Retrato de Dorian Gray, na qual é investigada a presença de elementos masculinos e femininos em seu protagonista homônimo. A elevação de seu eu em uma criatura sobrenaturalmente aliciante se prova possível através da seguinte precondição: o personagem deve viver em um estado mental livre dos limites das fronteiras morais e de gênero do século dezenove a fim de se apropriar das fruições que são tipicamente restritas aos papeis masculino ou feminino. Como a irreverência de O Retrato de Dorian Gray ainda seja muito tipicamente atribuída ao quão explicitamente o protagonista cede à corrupção moral, revelando a fragilidade do caráter humano e sua vaidade, o presente trabalho pretende apresentar ainda outra possível razão para a qualidade dissidente do livro: a androginia de Dorian Gray como um contribuinte para o seu poder de atração. Nesta monografia, portanto, eu analiso a caracterização de Dorian Gray especificamente em respeito a como a sua não-conformidade de gênero ocasiona na figura atraentemente afetada em que ele se torna. Como um conceito importante através do qual a discussão sobre não-conformidade de gênero aqui pode ser conduzida, a androginia é definida de antemão para que não se confunda com um comportamento necessariamente derivado de homossexualidade, dado que o personagem não demonstra tendências homossexuais. Dandismo, o movimento de que Dorian Gray demonstra ser membro, ou pelo menos um entusiasta, será também abordado porque mantém conexões interessantes com as concepções dominantes de masculinidade daqueles tempos.

This monograph proposes that Oscar Wilde’s only novel The Picture of Dorian Gray sustains the intermixing of the masculine and the feminine elements in its homonymous protagonist, whose elevation of the self into an otherworldly alluring creature proves feasible only if the following precondition is fulfilled: the character must live in a state of mind that is free from the constraints of the nineteenth century moral and gender boundaries, so as to appropriate assets that are typically restricted to either male or female roles. As The Picture of Dorian Gray’s irreverence is still very typically attributed to how explicitly the protagonist indulges in moral corruption, revealing the frailty of the human character and its vanity, the present work aims at putting forward yet another possible reason for its dissident quality: the androgyny present in Dorian Gray as a contributor for his allure. In this monograph, I therefore analyze Dorian Gray’s characterization in specific respect to how his gender-nonconformity occasions the enticingly effete figure that he comes to be. As an important concept through which the discussion on gender-nonconformity in here can be conducted, androgyny is defined beforehand so as not to be mistaken as a necessarily homosexuality-derivative behavior, given that the character does not show tendency towards homosexuality. Dandyism, the movement of which Dorian Gray shows signs of being a member, or at least an enthusiast, will also be approached because it holds interesting connections with the ruling conception of masculinity of that period.