Análise do desgaste de escovas dentais após 3 meses de uso em ensaio clínico randomizado

Abstract

O objetivo do estudo foi avaliar o desgaste de escovas dentais com cerdas macias e médias utilizadas em um ensaio clínico randomizado (ECR), cruzado, cego, e sua correlação com a presença de biofilme dental. Vinte participantes, adolescentes e adultos jovens, com saúde periodontal e sistêmica, foram randomizados para utilizar escova dental com cerdas macias ou médias. O período experimental compreendeu 2 fases de 3 meses cada. Um período de 10 dias de wash-out foi realizado entre as fases experimentais. Ao baseline, e a cada mês em ambas as fases, foi realizado exame de índice de placa visível (IPV) nas faces vestibulares. Ao final de cada fase, os participantes devolveram as escovas utilizadas. As dimensões das cerdas das escovas, macias e médias, foram aferidas previamente (baseline) bem como após 3 meses de uso. Foram feitos exames clínicos e mensurações das dimensões da cabeça das escovas em cada fase do estudo. As mensurações foram realizadas com um paquímetro digital, considerando a altura e largura, na região da ponta, média, e do cabo, e o comprimento (ponta ao cabo). A partir dessas mensurações, foi calculado o Índice de Espalhamento proposto por Ren e cols (2007). Também, foram atribuídos visualmente escores ao desgaste das escovas conforme método de Conforti et al. 2003. Comparação entre as escovas macias e médias quanto ao índice BSI foi investigada por meio do teste one-way ANOVA, enquanto mudanças médias nas dimensões das cerdas, antes e após o uso, e o comportamento longitudinal do IPV vestibular foram determinados por modelos lineares para medidas repetidas. A comparação dos escores do índice de Conforti foi realizada pelo teste de McNemar. Por fim, modelos de regressão linear foram utilizados para avaliar o impacto do desgaste das cerdas (índice BSI), considerando a durezas das mesmas, no IPV vestibular. Dados de 17 escovas dentais de cada tipo compuseram as análises. Os resultados obtidos mostram que se comparadas ao baseline, ambos os tipos de escova apresentaram deformações significativas. Quando comparadas entre si, não foram observadas diferenças significativas no período do estudo. Resultado similar foi observado considerando o índice de Conforti Em relação ao acúmulo longitudinal do IPV no sítio vestibular, não foram observadas diferenças significativas considerando as escovas macias e médias. A análise ajustada não encontrou associação significativa entre o desgaste das cerdas e o IPV, independente do tipo de cerda das escovas. Pelo exposto, conclui-se que escovas macias e médias apresentaram desgaste decorrente do uso por 3 meses semelhante, e que mesmo após esse período ambos dispositivos não deixaram de proporcionar uma adequada remoção do biofilme. Esses resultados reforçam a indicação de uso de escovas macias em detrimento daquelas de cerdas médias.

The aim of the study was to evaluate the wear of toothbrushes with soft and medium bristles which were used in a randomized clinical trial (RCT), crossed, blind, and its correlation with the presence of dental biofilm. Twenty participants, adolescents and young adults, with periodontal and systemic health, were randomized to use a toothbrush with soft or medium bristles. The experimental period comprised 2 phases of 3 months each. A 10-day wash-out period was carried out between the experimental phases. At the baseline, and every month in both phases, a visible plaque index (IPV) examination was performed on the vestibular surfaces. At the end of each phase, the participants returned the used brushes. The dimensions of the brush bristles, soft and medium, were previously checked (baseline) as well as after 3 months of use. Clinical examinations and measurements of brush dimensions were made at each stage of the study. The measurements were made with a digital caliper, considering the height and width, in the tip, middle, and handle region, and the length (tip to handle). From these measurements, on the brushes used, the Spreading Index proposed by Ren et al (2007), or BSI (bristle splaying index) was calculated. Also, scores were attributed visually to the wear of the brushes according to the method of Conforti et al. 2003. Comparison between soft and medium brushes regarding the BSI index was investigated using the one-way ANOVA test, while linear models for repeated measurements determined mean changes in the bristle dimensions, before and after use, and the longitudinal behavior of the vestibular IPV. The comparison of the Conforti index scores was performed using the McNemar test. Finally, linear regression models were used to assess the impact of bristle wear (BSI index), considering their hardness, on the vestibular IPV. Data from 17 toothbrushes of each type made up the analyzes. The results obtained show that when compared to the baseline, both types of brush showed significant changes. When compared to each other, no significant differences were observed during the study period. A similar result was observed considering the Conforti index. Regarding the longitudinal accumulation of IPV at the vestibular site, no significant differences were observed considering the soft and medium brushes (p = 0.594). Adjusted analysis found no significant association between bristle wear and IPV, regardless of the bristle type of the brushes (p = 0.594). From the above, it is concluded that soft and medium brushes showed similar wear due to use for 3 months, and that even after that period both devices did not fail to provide an adequate removal of the biofilm. These results reinforce the indication of using soft brushes instead of those with medium bristles.