Possibilidades de construção de uma metodologia participativa de pesquisa com jovens

Abstract

Este trabalho se propõe a responder à questão: é possível realizar uma pesquisa científica que utilize uma metodologia participativa, envolvendo jovens como sujeitos ativos na investigação? A partir desta problematização são discutidos pressupostos das ciências humanas em que, tradicionalmente, os trabalhos científicos que realizam pesquisa com jovens tendem a desenvolver perspectivas verticalizadas em que o pesquisador é sujeito e os participantes são constituídos apenas como objeto. Parte-se de uma fundamentação teórica ancorada em autores tais como Feixa (2006), Melucci (2005), Pais (2003) e Sposito (2009), que ressaltam a importância de se realizar pesquisas “com os jovens” e não apenas “sobre os jovens”. Desenvolveu-se uma pesquisa qualitativa baseada em narrativas juvenis, inspirada em Niewiadomski e Takeuti (2009), através da organização de um curso com jovens de quatro organizações sociais que trabalham com jovens, a partir de quatro temas: ecologia, étnico-racial, educação popular e violência. Estes jovens realizaram formação sobre a temática da pesquisa e tiveram capacitação técnica para o seu desenvolvimento. Foram situados como sujeitos ativos na realização do trabalho de campo, contribuindo com a produção das narrativas de outros jovens, integrantes dos coletivos em que participavam. Os resultados do trabalho evidenciaram que é possível desenvolver uma pesquisa de forma participativa e que o processo formativo realizado, juntamente com a atuação efetiva, contribuíu para a formação dos jovens, ampliando os seus repertórios educativos e sociais e possibilitando o aprendizado de como realizar pesquisas acadêmicas. Além disso, destacaram que se sentiram valorizados e com grande autonomia para conduzir os processos da investigação.

This work aims to answer the question: is it possible to carry out scientific research that uses a participatory methodology, involving young people as active subjects in the investigation? From this problematization, assumptions of the human sciences are discussed in which, traditionally, scientific works that carry out research with young people tend to develop vertical perspectives in which the researcher is subject and the participants are constituted only as an object. It starts from a theoretical foundation anchored in authors such as Feixa (2006), Melucci (2005), Pais (2003) and Sposito (2009), who emphasize the importance of conducting research “with young people” and not just “about young people". A qualitative research based on youth narratives was developed, inspired by Niewiadomski and Takeuti (2009), through the organization of a course with young people from four social organizations that work with young people, based on four themes: ecology, ethnic-racial, education popular and violence. These young people underwent training on the theme of research and had technical training for its development. They were placed as active subjects in carrying out the fieldwork, contributing to the production of the narratives of other young people, members of the collectives in which they participated. The results of the work showed that it is possible to develop research in a participatory manner and that the training process carried out together with the effective performance, contributed to the training of young people, expanding their educational and social repertoires and enabling the learning of how to conduct academic research. In addition, they highlighted that they felt valued and with great autonomy to conduct the investigation processes.