Alterações epiteliais da mucosa bucal : o uso da citopatologia na detecção precoce do carcinoma espinocelular

Abstract

O carcinoma espinocelular bucal (CEC) afeta de maneira agressiva e mutilante milhares de pessoas anualmente. Métodos de identificação precoce desta lesão vêm sendo desenvolvidos, e a citopatologia bucal enquadra-se nessa perspectiva. OBJETIVO: Avaliar o uso da citopatologia bucal na detecção precoce do carcinoma espinocelular nos diferentes estágios da carcinogênese. MÉTODOS: Inicialmemte foi realizada uma revisão da literatura para avaliar a capacidade do método citopatológico em detectar modificações precoces na mucosa bucal. Na etapa experimental, amostras citopatológicas de CEC, de leucoplasias bucais e da borda de língua de indivíduos expostos e não expostos ao tabaco e ao álcool foram avaliadas ultraestruturalmente por meio de microscopia eletrônica de transmissão (MET). Enfim, relatou-se um caso clínico de um CEC em estágio inicial no qual algumas técnicas citopatológicas foram utilizadas para avaliar alterações a níveis celulares nesta lesão. RESULTADOS: Diferentes metodologias podem ser aplicadas para a avaliação citopatológica da mucosa bucal com resultados positivos para detecção de alterações celulares na carcinogênese. Alterações ultraestruturais como perda das junções celulares, aumento do espaço intercelular e condensação de cromatina nuclear foram observados por MET nas células displásicas e neoplásicas. Mesmo em estágios iniciais da carcinogênese a citopatologia encontrou alterações citomorfométricas, no padrão de maturação celular, da velocidade de proliferação e de alterações metanucleares. CONCLUSÃO: A análise citopatológica bucal está em evolução tecnológica e possibilita a identificação de mudanças celulares que podem ser utilizadas para o acompanhamento de indivíduos de risco para o CEC e monitoramento de lesões potencialmente malignas.

Oral squamous cell carcinoma (SCC) affects thousands of people annually, with an aggressive and mutilating behavior. Methods of early identification of this lesion have been developed, and oral cytopathology is a promising alternative. OBJECTIVE: To evaluate the use of oral cytopathology in the early detection of squamous cell carcinoma. METHODS: Initially a literature review was performed to evaluate the ability of the cytopathological method to detect early changes in the oral mucosa. In the experimental stage, cytopathological samples of SCC, oral leukoplakia, tongue border of individuals exposed and not exposed to tobacco and alcohol were evaluated ultra-structurally by transmission electron microscopy (TEM). Then, a clinical case of an early SCC was reported with the aid of different cytopathological techniques to evaluate changes at cellular levels. RESULTS: Different methodologies can be applied for the cytopathological evaluation of the oral mucosa with positive results to the detection of cellular alterations. Ultrastructural alterations such as a loss of cell junctions, an increase of the intercellular space and a condensation of nuclear chromatin were observed by TEM in dysplastic and malignant neoplastic cells. Even in the early stages of carcinogenesis cytopathology was able to detect cytomorphometric, cell maturation pattern, proliferation rate and metanuclear alterations. CONCLUSION: Oral cytopathological analysis is undergoing a technological evolution and allows the identification of cellular changes that can be used to monitor individuals at risk for SCC development and to monitor and follow-up potentially malignant lesions.