O “B” não é pra bonito: uma análise das representações midiáticas da bissexualidade feminina em Orange Is the New Black

Abstract

Em um contexto de invisibilidade da bissexualidade na mídia, este estudo dedica-se às representações midiáticas da bissexualidade feminina na série Orange Is the New Black. O objetivo é analisar a construção das representações midiáticas da bissexualidade da personagem Piper Chapman a partir do exame dos marcadores de gênero e sexualidade e da discussão sobre estereótipos, heteronormatividade e sexualidades hegemônicas nesta representação. A pesquisa tem cunho qualitativo e foram utilizadas as técnicas de pesquisa documental e análise de imagens em movimento. O referencial teórico foi desenvolvido a partir dos Estudos Culturais em relação aos conceitos de gênero e sexualidade, em uma abordagem interseccional, baseado em autores como Judith Butler, Joan Scott e Jeffrey Weeks, investigando também a bissexualidade e as identidades sexuais. Além disso, foram articulados os conceitos de representações midiáticas e o signo televisivo, com base nos estudos de Stuart Hall, evidenciando como a “diferença” é retratada. A série completa foi analisada e dessa análise emergiram três categorias de representação da bissexualidade: a combinação da hetero e da homossexualidade; sexualidade promíscua e infiel; sexualidade instável e indecisa. Foram selecionadas 16 cenas que evidenciavam essas categorias e seus diálogos foram transcritos e examinados. O resultado da análise demonstrou uma representação baseada em estereótipos sobre a bissexualidade, contribuindo no seu processo de deslegitimação e invisibilização, além da manutenção de binarismos e de ideias hegemônicas sobre gênero e sexualidade. Para trabalhos futuros, foi sugerido a comparação com outras séries que representam personagens bissexuais e estudos de recepção dessas séries.

In a context of bisexual invisibility on the media, this study is dedicated to the media representations of female bisexuality on Orange Is the New Black serie. The objective is to analyze the construction of media representations about the bisexuality of the character Piper Chapman from the examination of the markers of gender and sexuality and the discussion about stereotypes, heteronormativity and hegemonic sexualities in this representation. The research has a qualitative nature and were used the techniques of documentary research and analysis of moving images. The theoretical framework was developed based on the Cultural Studies in relation to the concepts of gender and sexuality, in an intersectional approach, a based on authors like Judith Butler, Joan Scott e Jeffrey Weeks also investigating bisexuality and sexual identities. In addition, the concepts of media representations and the television sign were articulated, based on studies of Stuart Hall, showing how “difference” is portrayed. The entire TV show was analyzed and from this analysis three categories of representation of bisexuality emerged: the combination of heterosexuality and homosexuality; promiscuous and unfaithful sexuality; unstable and unsure sexuality. Sixteen scenes that highlighted these categories were selected and their dialogues were transcribed and examined. The result of the analysis showed a representation based on stereotypes about bisexuality, contributing to its process of delegitimation and invisibility, as well as the maintenance of binarisms and hegemonic ideas about gender and sexuality. For future works, comparison with other series representing bisexual characters and reception studies of these series was suggested.