Consumo de creme dental durante o tratamento periodontal e fase de manutenção periódica preventiva

Abstract

O presente estudo, uma análise secundária de um ensaio clínico randomizado, teve como objetivo avaliar como se dá o consumo de creme dental, por uma amostra de pacientes periodontais (diagnóstico de gengivite e periodontite crônica generalizada de moderada a severa), durante o tratamento periodontal e fase de manutenção periódica preventiva (MPP). A hipótese da presente investigação é de que os pacientes utilizam menos creme dental do que o veiculado pela indústria, pois existe um padrão de consumo individual que pode variar durante a terapêutica periodontal (tratamento e MPP). Quarenta e oito pacientes (51,8 ± 9,5 anos, 33 mulheres) foram avaliados nos dias zero (Baseline), 30 (após o tratamento da gengivite), 90 (após o tratamento da periodontite), 150 (início da fase de MPP), 240 (3 meses de MPP) e 330 (6 meses de MPP). Em todas as avaliações eles receberam um (dia 0) ou dois tubos de creme dental novos (Colgate® Máxima Proteção Anticáries, 90g) que foram devolvidos ao final de cada tempo experimental. Após, foram repesados e o consumo [peso referência (94,3 ± 0,2g) - peso do tubo devolvido pelo participante) entre o Baseline e 30 dias (T1), 30 e 90 dias (T2), 90 e 150 (T3), 150 e 240 (T4), bem como entre 240 e 330 (T5) foi reportado em gramas. Durante o tratamento da gengivite e da periodontite os pacientes foram acompanhados semanalmente e na fase de MPP eles foram reavaliados somente nos dias dos exames clínicos. Os dados foram avaliados por meio do teste ANOVA para medidas repetidas e análise por intenção de tratar foi utilizada quando necessária. Os resultados da presente investigação mostraram um consumo de 54,7g/mês de creme dental em T1, 57,4g/mês em T2, 34,4g/mês em T3, 24,5g/mês em T4 e 28,5g/mês em T5. Em se tratando dos indicadores físicos periodontais, após o tratamento da gengivite, houve uma redução de 76% nos sítios com placa visível (IPV) e 71% nos sítios com sangramento gengival (ISG), que se mantiveram estáveis em níveis baixos até o final do período de observação. Não se verificou associação entre o IPV e o ISG e o consumo de creme dental, à exceção de uma correlação inversa entre consumo de creme dental e o IPV no período do tratamento supragengival. Concluiu-se que o padrão de consumo de creme dental diferiu nas fases de tratamento e MPP, não sendo possível explicar essa tendência com o desenho experimental do presente estudo. Além disso, a ausência de associação entre os indicadores físicos e o consumo de creme dental corrobora as evidências de que um adequado controle de placa depende mais do sujeito envolvido do que da utilização dos dispositivos disponíveis para higiene bucal.

The aim of the present study, a secondary analysis of a randomized clinical trial, was to evaluate the consumption of toothpaste in a group of periodontal patients (diagnosed with gingivitis and moderate to severe chronic periodontitis) during periodontal treatment and periodic maintenance (PMP) phases. The hypothesis was that patients use less toothpaste than what recommended by the industry, as the patients’ consumption pattern might vary during periodontal therapy (treatment and maintenance). Forty-eight patients (51.8 ± 9.5 years old, 33 women) were evaluated in days zero (Baseline), 30 (after gingivitis treatment), 90 (after periodontitis treatment), 150 (baseline of PMP), 240 (3 months of PMP) and 330 (6 months of PMP). In all evaluations they received one (day zero) or two new toothpaste tubes (Colgate®MáximaProteçãoAnticáries, 90g) which were returned after each experimental period. Tubes were weighted and the consumption [reference weight (94,3 ± 0,2g) - weight after tube return] between Baseline and 30 days (T1), 30 and 90 days (T2), 90 and150 days (T3), 150 and 240 (T4) as well as 240 and 330 days (T5) reported in grams. Patients attended weekly appointments during gingivitis and periodontitis treatment. In the maintenance phase they attended only the examination appointments. Data were evaluated with repeated measures ANOVA test and, when needed, an intention to treat analysis was used. The results demonstrated a toothpaste consumption of 54.7g/month during T1, 57.4g/month during T2, 34.4 g/month during T3, 24.5 g/month during T4 and 28.5 g/month during T5. After gingivitis treatment, the number of sites with visible plaque (VPI) reduced 76% and with gingival bleeding (GBI) 71%, these clinical parameters were maintained in low levels until the end of the observation period. There was no association between VPI and GBI with toothpaste consumption, in exception of an inverse correlation with VPI in the supragingival treatment period. In conclusion, the pattern of toothpaste consumption varied during treatment and maintenance phases, a trend that cannot be explained by the present experimental design. Furthermore, the lack of association between clinical parameters and toothpaste consumption supports the evidence that an appropriate plaque control depends more on the subject itself than on the use of dental hygiene devices.