Conhecimentos e práticas dos cirurgiões-dentistas de Porto Alegre sobre apneia obstrutiva do sono

Abstract

A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), distúrbio do sono mais comum na população, é uma doença que diminui a qualidade do sono e, consequentemente de vida. É um distúrbio crescente e subdiagnosticado que está tomando proporções mundiais, devido, em parte, ao estilo de vida e hábitos alimentares adotados pela população. Neste contexto, os cirurgiões-dentistas podem desempenhar importante papel quanto ao diagnóstico da AOS, devido à proximidade da faringe com as estruturas dentofaciais, podendo encaminhar o paciente ao médico e, inclusive, auxiliar em seu tratamento após um diagnóstico definitivo. Assim, o objetivo do estudo é verificar os conhecimentos e práticas dos cirurgiões-dentistas de Porto Alegre sobre a AOS, investigando se variáveis demográficas como idade, tempo de atuação profissional, tipo de atuação e especialidade estão associadas ao conhecimento dos fatores de risco, sinais e sintomas, comorbidades e tipos de tratamento para a AOS e às práticas adotadas no diagnóstico desta condição. O estudo caracteriza-se como observacional transversal e analítico, por meio de questionário anônimo disponibilizado online, e o cálculo amostral previu a participação de 357 profissionais. Os participantes foram recrutados via redes sociais, por telefone e visitados em seus locais de trabalho. Os dados foram analisados por meio de estatísticas descritivas, as associações entre variáveis demográficas e as relacionadas ao conhecimento sobre a AOS foram analisadas por meio dos testes não-paramétrico de Mann-Whitney, Kruskal-Wallis e Análise de Correlação de Pearson. O questionário foi respondido por 217 dentistas com idade média de 37,92 anos, tempo de atuação médio de 13,92 anos, sendo 71,1% atuantes em clínica privada e 63,8% possuem especialização registrada. O conhecimento médio dos entrevistados sobre fatores de risco, sinais, sintomas e tratamentos para a AOS foi bom e os fatores de risco mais conhecidos são obesidade e tamanho das adenoides. Os sinais e sintomas mais conhecidos são cessação de respiração, despertares noturnos, ronco e sonolência diurna. Os tratamentos conservadores são mais conhecidos que os cirúrgicos. Quanto às práticas, 22% dos profissionais nunca identificaram fatores de risco para AOS em seus pacientes e os orientaram a buscar atendimento médico, sendo que 36% eventualmente o fizeram e 60% o fazem eventualmente ou frequentemente. Profissionais com maior tempo de atuação e registrados como especialistas demonstraram maior conhecimento das doenças associadas e relatam maior atenção a aspectos relacionados a AOS na sua prática profissional. Apesar do bom conhecimento geral, os índices de frequência de avaliação são baixos, o que aponta a necessidade de maior ênfase ao tema na formação odontológica

Obstructive Sleep Apnea (OSA), the most common sleep disorder in the population, is a condition that impairs sleep and life quality. It is a growing and underdiagnosed disorder that is taking on worldwide proportions, due in part to the lifestyle and eating habits adopted by the population. In this context, dental professionals may play an essential role in the diagnosis of OSA, due to the proximity of the pharynx to the dentofacial structures and may refer the patient to the medical evaluation and even assist in their treatment after a definitive diagnosis. Thus, the objective of the study is to verify the knowledge and practices of dentists in Porto Alegre about OSA, investigating whether demographic variables such as age, professional practice, type of practice, and specialty are associated with knowledge of risk factors, signs, and symptoms, comorbidities and treatment options for OSA, as well as the practices adopted in the diagnosis of this condition. The study is characterized as cross-sectional, observational and analytical, through an anonymous questionnaire available online, and the sample calculation predicted the participation of 357 professionals. Participants were recruited via social networks, by telephone and visited at their workplaces. Data were analyzed using descriptive statistics, associations between demographic variables and those related to OSA knowledge were analyzed using the nonparametric Mann-Whitney, Kruskal-Wallis and Pearson Correlation Analysis tests. The questionnaire was answered by 217 dentists with an average age of 37.92 years, an average working time of 13.92 years, being 71.1% working in private practice and 63.8% have registered specialization. The respondents' average knowledge of risk factors, signs, symptoms, and treatments for OSA was good and the best-known risk factors are obesity and adenoid size. The most well-known signs and symptoms are breathing cessation, night waking, snoring and daytime sleepiness. Conservative treatments are better known than surgical ones. As for practices, 22% of professionals never identified risk factors for OSA in their patients and advised them to seek medical attention, with 36% eventually and 60% eventually or frequently. Professionals with longer working experience and registered as specialists demonstrated more significant knowledge of associated diseases and report greater attention to aspects related to OSA in their professional practice. Despite the good general knowledge, the evaluation frequency indices are low, which indicates the need for greater emphasis on the subject in dental education