O ritmo da máquina e do relógio : os impactos urbanos e econômicos da revolução industrial na formação dos bairros operários ingleses nos séculos XVIII e XIX

Abstract

A partir do desmantelamento relativo do modo de produção feudal surge um novo modo de produção, o qual nutriu-se do renascimento urbano medieval que possibilitou elevação do comércio. Estruturou-se o modo de produção capitalista e, com isso, observaram-se diversas mudanças socioeconômicas, dentre as quais um crescimento exponencial urbano, isto é, elevação do tamanho e do número de habitantes das cidades. Esta elevação do ambiente citadino produziu um ambiente duplamente concentrado – de fábricas e operários. Ligando esta concentração com a falta de planejamento de cidades, a concentração dos meios de produção e de proprietários imobiliários, criou-se um ambiente altamente deletério sob o ponto de vista social. Observou-se, mediante a constituição deste ambiente insalubre, o surgimento do operário entendido como classe, imbuído de uma consciência como tal, com o objetivo de defender-se das opressões por eles sofridas e, portanto, constituíram-se em lutas organizadas em torno de sindicatos. Desta forma, este ambiente foi berço de uma classe e palco de uma luta travada por ela em torno de diretrizes comuns aos trabalhadores. Portanto, o capitalismo maculou o ambiente urbano britânico com fábricas e cidades que, neste momento, obedeciam aos movimentos do capital. Cidades como Manchester e Londres tiveram suas populações elevadas e a precarização da vida agravou-se em relação às cidades do passado, pois agora havia uma concentração populacional mais elevada. A representação máxima do decrescimento da qualidade de vida eram os bairros de má fama, os quais abrigavam boa parte do operariado britânico; eram zonas extremamente inapropriadas a uma moradia digna. Tal situação de vulnerabilidade social despertou interesse de alguns pensadores à época, cujo diagnóstico convergia, enquanto a solução divergia; alguns preconizavam por ações em torno de uma urbanização mais adequada, enquanto outros diziam ser a questão da moradia apenas uma consequência maior dos movimentos do capital, isto é, da concentração dos meios de produção nas mãos de poucos. Desta forma, o trabalho estrutura-se em torno do objetivo de denunciar as mazelas existenciais dos primórdios capitalistas não só para que não sejam mais comuns cidades nestes moldes, mas também que elucidemos as consequências deploráveis que a falta de planejamento urbano incorre aos indivíduos.

From the relative dismantling of the feudal mode of production, a new mode of production arose, which was nourished by the medieval urban resurgence that made trade development possible. The capitalist mode of production is structured, and so, several socioeconomic changes were observed, among them an exponential urban growth, that is to say, an increase of the size and number of inhabitants in the cities. This rise of the city environment was responsible for a doubly concentrated environment - of factories and workers. This concentration associated with the lack of city planning, the concentration of means of production and real estate owners created highly deleterious circumstances from the social point of view. It is possible to observe, through the constitution of this unhealthy environment, the emergence of the worker understood as a class, imbued with a conscience as such, in order to defend himself against the oppressions they felt, and therefore, organized struggles were arranged around unions. Accordingly, this environment was the cradle of a class and stage of a struggle fought around common guidelines to the workers. Capitalism, therefore, tainted the British urban environment with factories and cities which, at the moment, obeyed the movements of capital. Cities like Manchester and London saw their populations rise and the precariousness of life worsen in relation to the cities in the past, for there was now a higher population concentration. The worst representation of the deterioration of the quality of life was the disreputable quarters, which housed a large part of the British laborers; these areas were extremely inappropriate for decent housing. This condition of social vulnerability aroused interest of some thinkers at the time, whose diagnosis converged, while the solution diverged; some argued for actions around a more adequate urbanization, while others said that the question of housing was only a major consequence of the movements of capital, that is, the concentration of the means of production in the hands of the few. Hence, this work is structured around the objective of denouncing the existential miseries of the capitalist beginnings, not only to avoid that cities like these still be common, but also to elucidate the deplorable consequences that the lack of urban planning incurs to individuals.