Análise da exposição ao ruído e conforto acústico em um estúdio de tatuagem

Abstract

O ruído é fator inerente a diversas atividades profissionais ou de lazer. A exposição prolongada a níveis elevados causa impacto na saúde humana, podendo levar a diminuição ou perda completa da audição em casos de exposição severa, além de problemas neurológicos e comportamentais. Máquinas de tatuagem emitem ruído enquanto ligadas e esta fonte é pouco caracterizada na literatura, sendo, portanto, um potencial risco à saúde auditiva. A crescente procura por este tipo de serviço nos últimos anos fez aumentar o número de estúdios e o número de pessoas expostas. Desta forma, o presente trabalho objetiva medir e avaliar os níveis de pressão sonora (NPS) presentes em um estúdio de tatuagem, bem como a dose de ruído que um tatuador é submetido em sua jornada de trabalho. A avaliação do ambiente foi realizada seguindo procedimentos estabelecidos na NBR 10152 (2017), enquanto a dose foi avaliada conforme procedimentos definidos na norma NHO-01 (2001). Após medições em campo realizadas para dois tipos de máquinas – rotativas e de bobinas –, os valores de NPS e dose foram comparados com os valores de referência em suas respectivas normas e NR-15 (2014). Os resultados obtidos para a máquina rotativa evidenciam sua adequação aos parâmetros normatizados, apresentando NPS equivalente de 54,3 ± 2,6dB(A), curva NC de 55 que garante o conforto acústico para este tipo de ambiente, e nenhuma leitura acima de 80dB para a dose de ruído. No que tange à máquina de bobinas, o NPS equivalente encontrado foi de 73,1 ± 2,9dB(A) e curva NC superior a 70, resultando em falta de conforto acústico no ambiente. Não obstante, a dose foi avaliada em 27% para uma jornada de 6 horas de trabalho efetivo, com utilização da máquina rotativa em 60% do tempo, mostrando-se assim adequada para o caso estudado. Uma análise de possíveis cenários de utilização das máquinas rotativas e de bobinas demonstram possíveis casos de exposição prolongada a ruído severo, necessitando a utilização de equipamentos de proteção individual (EPI) tendo em vista a impossibilidade de medidas de contenção na fonte ou no meio.

Noise is an inherent factor in many professional or recreation activities. Prolonged exposure to high levels causes impact on human health and may lead to decrease or complete hearing loss in cases of severe exposure, as well as neurological and behavioral problems. Tattoo machines emit noise while operating and this source is poorly characterized in the literature, thus being a potential risk to hearing health. The increasing demand for this type of service in recent years has increased the number of studios and the number of people exposed. Therefore, the present study aims to measure and evaluate the sound pressure levels (SPL) present in a tattoo studio, as well as the daily noise dose level that a tattoo artist undergoes in their work day. The evaluation of the room was performed following procedures established in NBR 10152 (2017), while the daily dose was evaluated according to procedures defined in the NHO-01 (2001) standard. After field measurements performed for two types of tattoo machines – rotating and coil –, the values of SPL and noise dose were compared with the reference values in their respective standards and NR-15 (2014). The results obtained for the rotary machine show its adequacy to the normalized parameters, presenting SPL equivalent of 54.3 ± 2.6dB(A), NC curve of 55 that guarantees the acoustic comfort for this type of environment, and no reading above 80dB for the noise dose. Regarding the coil machine, the equivalent SLP found was 73.1 ± 2.9dB(A) and NC curve higher than 70, resulting in lack of acoustic comfort in the environment. Nevertheless, the dose was evaluated in 27% for a 6-hour workday, using the rotating machine in 60% of the time, thus being adequate for the case studied. An analysis of possible scenarios for the use of rotary and coil machines demonstrates possible cases of prolonged exposure to severe noise, requiring the use of personal protective equipment (PPE) in view of the impossibility of containment measures at source or in the environment.