Cetamina como droga facilitadora de crime : uma revisão narrativa da literatura
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Data
2018Autor
Orientador
Co-orientador
Nível acadêmico
Graduação
Assunto
Resumo
O termo Droga Facilitadora de Crime (DFC) é utilizado para caracterizar crimes como assalto, roubo ou estupro sob a administração de uma substância capaz de alterar ou prejudicar o comportamento de uma pessoa, incapacitando sua tomada de decisões. Existem mais de 100 DFCs, destacando-se no cenário nacional, a cetamina. Atualmente, as substâncias mais conhecidas por serem utilizadas como DFCs são o etanol, os benzodiazepínicos, o gama-hidroxibutirato (GHB) e a cetamina, podendo ser usadas separa ...
O termo Droga Facilitadora de Crime (DFC) é utilizado para caracterizar crimes como assalto, roubo ou estupro sob a administração de uma substância capaz de alterar ou prejudicar o comportamento de uma pessoa, incapacitando sua tomada de decisões. Existem mais de 100 DFCs, destacando-se no cenário nacional, a cetamina. Atualmente, as substâncias mais conhecidas por serem utilizadas como DFCs são o etanol, os benzodiazepínicos, o gama-hidroxibutirato (GHB) e a cetamina, podendo ser usadas separadas ou em associação que, quando administradas juntamente com bebidas alcoólicas, formam uma mistura potencialmente depressora do SNC, associados à amnésia anterógrada. Neste trabalho, foi realizada uma revisão bibliográfica do uso da cetamina como DFC nas bases de dados Pubmed, Web of Science e Science Direct, nos últimos dez anos, utilizando os termos “ketamine club drugs” e “ketamine drug facilitated crime. A cetamina, 2-(o-clorofenil)-2-(metilamino)-cicloexanona, é comercializada como solução injetável para uso pediátrico e veterinário. Popularmente conhecida como “Special K” e “Key”, é um composto relacionado estruturalmente com a fenciclidina (PCP) e foi sintetizada em 1962 pelo cientista americano Calvin Stevens. Pode ser encontrada na forma líquida, podendo ser comprimida, deglutida ou fumada juntamente com canábis ou tabaco, ou ainda inalada juntamente com cocaína, conhecida como “Calvin Klein” (CK). A cetamina é um antagonista não competitivo do receptor glutamatérgico NMDA (N-metil-D-aspartato) e atua no mesmo sítio de ligação da PCP. Seus efeitos são aumento de pressão aterial, frequência cardíaca e débito cardíaco, broncodilatação, aumento do fluxo sanguíneo cerebral, amnésia anterógrada, sedação, pupilas moderadamente dilatadas, salivação e lacrimejamento. Pode ser administrada pelas vias venosa, muscular, oral, retal e nasal, sendo as vias venosa e muscular as mais usadas na prática clínica, enquanto que a via oral é a mais utilizada em casos de uso recreativo. Pode ser detectada em amostras de urina, plasma, sangue total, fluido oral e cabelo, por diferentes metodologias analíticas. A amostra de cabelo é considerada importante matriz em casos de crimes facilitados por drogas, devido a possibilidade de detecção de uso pretérito. O sangue pode ser considerado a matriz padrão-ouro para monitoramento do uso de drogas, porém, possui baixo tempo de detecção (24-48h). O fluido oral oferece a facilidade de coleta e acúmulo de droga inalterada; entretanto, possui janela analítica de, aproximadamente, 24h. Em amostras de urina é possível detectar a cetamina e seus produtos de biotransformação por até 72h, dependendo do padrão de uso e dose administrada. Entre as substâncias relatadas como DFC estão: canabinoides, benzodiazepínicos, cocaína, anfetamínicos, citalopram, GHB e cetamina, analgésicos opioides, antihistamínicos, barbitúricos e anticonvulsivantes. No cenário nacional, vale ressaltar a importância de protocolos de atendimento e acolhimento das vítimas desse tipo de crime em locais especializados. Para tanto, a análise toxicológica de fluidos biológicos das vítimas é de extrema importância, tendo uma grande relevância quando se trata de pesquisa e identificação de casos em que essas vítimas são expostas, tendo em vista que, na maioria das vezes, elas têm “apagões”, devido à amnésia anterógrada, não sendo possível a identificação imediata desses crimes baseada somente em relatos. ...
Abstract
The term Drug Facilitated Crime (DFC) is used to characterize crimes as assault, robbery or rape under the administration of a substance capable of altering or impairing a person's behavior, rendering them incapable of making decisions. There are more than 100 DFCs, especially in the national setting, ketamine. Currently, the substances most known to be used as DFCs are ethanol, benzodiazepines, gamma-hydroxybutyrate (GHB) and ketamine, and can be used separately or in combination, which when a ...
The term Drug Facilitated Crime (DFC) is used to characterize crimes as assault, robbery or rape under the administration of a substance capable of altering or impairing a person's behavior, rendering them incapable of making decisions. There are more than 100 DFCs, especially in the national setting, ketamine. Currently, the substances most known to be used as DFCs are ethanol, benzodiazepines, gamma-hydroxybutyrate (GHB) and ketamine, and can be used separately or in combination, which when administered together with alcoholic beverages, form a potentially depressant mixture associated with anterograde amnesia. In this work, a bibliographic review of the use of ketamine as DFC in Pubmed, Web of Science and Science Direct databases has been performed in the last ten years using the terms "ketamine club drugs" and "ketamine drug facilitated crime. Ketamine, 2- (o-chlorophenyl) -2- (methylamino) -cyclohexanone, is marketed as an injectable solution for pediatric and veterinary use. Popularly known as "Special K" and "Key", it is a compound structurally related to phencyclidine (PCP) and was synthesized in 1962 by American scientist Calvin Stevens. It can be found in liquid form, and can be compressed, swallowed or smoked along with cannabis or tobacco, or inhaled together with cocaine, known as "Calvin Klein" (CK). Ketamine is a non-competitive NMDA (N-methyl-D-aspartate) glutamatergic receptor antagonist and acts at the same PCP connecting site. Its effects are increased blood pressure, heart rate and cardiac output, bronchodilation, increased cerebral blood flow, anterograde amnesia, sedation, moderately dilated pupils, salivation and tearing. It can be administered by the venous, muscular, oral, rectal and nasal routes, with venous and muscular routes being the most used in clinical practice, whereas the oral route is the most used in recreational use cases. It can be detected in samples of urine, plasma, whole blood, oral fluid and hair, by different analytical methodologies. The hair sample is considered an important matrix in cases of drug-facilitated crimes, due to the possibility of detection of past use. Blood can be considered the gold standard matrix for monitoring drug use, however, it has a low detection time (24-48h). The oral fluid offers the ease of collection and accumulation of drug unchanged; however, it has an analytical window of approximately 24h. In urine samples it is possible to detect ketamine and its biotransformation products for up to 72 hours, depending on the pattern of use and dose administered. Among the substances reported as DFC are: cannabinoids, benzodiazepines, cocaine, amphetamines, citalopram, GHB and ketamine, opioid analgesics, antihistamines, barbiturates and anticonvulsants. In the national scenario, it is worth emphasizing the importance of protocols for care and shelter of victims of this type of crime in specialized places. In order to do so, the toxicological analysis of biological fluids of the victims is of extreme importance, having a great relevance when it comes to research and identification of cases in which these victims are exposed, since, in most cases, they have "blackouts", due to anterograde amnesia, and it is not possible to immediately identify these crimes based only on case reports. ...
Instituição
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Farmácia. Curso de Farmácia.
Coleções
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TCC Farmácia (705)
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