Epistemologias em jogo na educação especial

Abstract

Apresentando-se como ensaio filosófico, o trabalho aborda os fundamentos e a finalidade da educação especial a partir de temas epistemológicos. A saber, o debate sobre certa perspectiva teorética – incluindo o pensamento científico naturalista – ante a linguagem ordinária e o conhecimento de senso comum. Para perfazer este argumento, nosso foco e nossos ouvidos se dirigem ao que as professoras e professores têm a dizer sobre seu cotidiano na escola. Como forma de acesso a esses ditos, servimo-nos de uma experiência de extensão com professores de atendimento educacional especializado, cujo principal dispositivo de formação era a construção de narrativas sobre a vida escolar, escritas e recebidas como se fossem cartas. Uma vez acionado o artefato ordinário da carta – e evocada, por meio dela, uma potência do cotidiano, do senso comum como forma de saber –, algo distinto das maneiras tradicionais de conceber o que é conhecimento na área parece deixar-se perceber, refundando, talvez, os termos do compromisso com a prática pedagógica. Estão em jogo diferentes perspectivas epistemológicas cujos desdobramentos são também éticos e políticos, produzindo efeitos na experiência docente.

Presenting itself as a philosophical essay, this work approaches the fundaments and finalities of special education from epistemological themes. Such as, the debate about certain theoretical perspective – in which is included the naturalist scientific thought – and its opposite perspective, the philosophy of ordinary language and common sense knowledge. In order to make this discussion, our focus and our ears direct to what teachers and educators had to say about their everyday work in the school. As a way to get entry into these ‘sayings’ and discourses, we took advantage of an Academic Extension (A.E.) experience, where educators of Specialized Educational Care of different schools, were asked to construct narratives – more or less in the form of letters – about their everyday school life. Therefore, in this experience, once we introduced the common and ordinary device of the narrative through the writing of a letter - which evoked a potentiality of everyday life and of the common sense as a knowlegde form – something very distinct of what the traditional approaches tend to conceive as knowledge in this field seems to let itself shows up perhaps refounding the therms of the commitment with pedagogical practice. Ergo, different epistemological perspectives are at stake; perspectives that also unfold ethical and political implications, which produce their effects in experiences of teaching.