Avaliação da autocicatrização em concretos produzidos com aditivo cristalizante e fissurados nas primeiras idades

Abstract

A cicatrização autógena em concretos é um fenômeno que resulta da hidratação de grãos de cimento Portland anidros presentes no compósito e que promove o fechamento das fissuras que possam surgir ao longo de sua vida útil. Apesar de já ter sido constatada e ser amplamente conhecida, ainda é uma propriedade sobre a qual não se tem completo domínio no sentido de entender sua capacidade e seu potencial uso para minimizar a ocorrência de manifestações patológicas. Sabe-se que ocorrências graves estão associadas à formação de fissuras nas estruturas de concreto, muitas vezes podendo representar a redução do desempenho e da vida útil das edificações ou gastos elevados com terapias de recuperação. Isso configura um cenário contrário à sustentabilidade para o setor da construção. No que diz respeito à engenharia, sabese que dispor de boas práticas, seja nas etapas de planejamento ou execução dos projetos, é indispensável para minimizar os efeitos que possam gerar a fissuração. Nesse contexto, a utilização de novos materiais e tecnologias facilmente ganha espaço no mercado ao propor melhorias de desempenho ou otimização do processo executivo. No entanto, para que possam ser aplicados, esses materiais devem ser testados e investigados até que se possa atestar sua efetividade, de modo a comprovar que seu uso não desencadeia efeitos deletérios. Sendo assim, esse trabalho propõe uma análise experimental realizada em concretos fissurados nas primeiras idades para avaliar o fenômeno da autocicatrização da matriz cimentícia. Estas análises visam comparar o fechamento das fissuras ao longo do tempo em concretos produzidos com materiais usuais (cimento, brita e areia) e concretos com aitivo impermeabilizante por cristalização, material cuja utilização tem ganhado maior visibilidade no mercado, recentemente. Para isso, foram moldados diferentes traços de concreto variando-se consumo de cimento, relação água/aglomerante e também o uso ou não do aditivo impermeabilizante. Aos 7 dias, depois de terem sido desmoldados e curados em condições ideais (cura úmida por imersão à temperatura constante, conforme NBR 5738:2015) as amostras receberam um carregamento por compressão de 85% da carga de ruptura. Alguns espécimes foram mantidos íntegros (sem o carregamento), como amostras de referência ou controle, a fim de validar a ocorrência das fissuras e seu posterior fechamento. Por fim, foram realizados ensaios mecânicos de resistência à compressão, e de penetração de íons cloretos para avaliar sua durabilidade. Os ensaios foram realizados aos 28 e 56 dias após a data da moldagem. Os resultados obtidos indicam aumento do desempenho mecânico dos concretos fissurados para relações água/aglomerante de 0,43, não sendo constatada diferença estatística significativa nos demais traços. Além disso, os concretos contendo aditivo tiveram um aumento mais significativo da resistência à compressão (mesmo que o uso do produto altere o comportamento da resistência original do concreto) tendendo a diminuí-la para relações água/aglomerante menores. Com relação a durabilidade, foi constatado aumento da penetração de íons cloreto devido ao carregamento e o uso do aditivo não teve influência significativa com base nos resultados obtidos.