Monitoramento clínico de lesões de cárie inativas sem cavidade em superfícies oclusais de dentes permanentes

Abstract

O objetivo deste estudo retrospectivo foi avaliar as mudanças de diagnóstico de lesões inativas sem cavidade em superfícies oclusais de dentes permanentes ao longo do tempo. Os prontuários de pacientes atendidos na Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil, entre 2009 e 2014 foram analisados. A coleta de dados incluiu características demográficas, gengivite, placa visível, experiência de cárie coronária e presença de atividade de cárie. Superfícies oclusais hígidas também foram incluídas na análise. O diagnóstico da superfície oclusal dos dentes permanentes foi coletado do primeiro e último exame dentário de cada paciente (média de tempo entre exames: 13 meses). Modelos de regressão logística foram utilizados para a análise dos dados. O total de 12,802 prontuários foram avaliados. Dentre estes, 901 apresentaram ao menos uma lesão sem cavidade inativa no primeiro exame e foram utilizados no estudo. O total de 2,164 lesões sem cavidade inativas foram identificadas, e a maioria delas permaneceu inalterada (85.77%, n = 1,856) As seguintes mudanças de diagnóstico foram observadas: 198 (9.15%) lesões com cavidade inativas; 13 (0.60%) lesões ativas sem cavidade; 26 (1.20%) lesões cavitadas ativas; 46 (213%) superfícies restauradas; 1 (0.05%) superfícies seladas; 2 (0.09%) próteses fixas; e 22 (1.02%) dentes extraídos. Alto índice CPO-S e presença de atividade de cárie foram estatisticamente associados com mudança de diagnóstico de lesões sem cavidade inativas (P<0.05). Lesões sem cavidade inativas em superfícies oclusais apresentaram um menor risco para progressão para lesões ativas quando comparadas às superfícies hígidas em pacientes cárie-ativos (presença de ao menos uma lesão de cárie ativa) (P<0.05). Em conclusão, grande parte das lesões sem cavidade inativas permaneceu inalterada ao longo do tempo. Experiência e atividade de cárie foram indicadores de risco para mudança de diagnóstico de lesões sem cavidade inativas.

The aim of this retrospective study was to assess the diagnosis changes of inactive non-cavitated caries lesions in occlusal surfaces from permanent teeth in the course of time. The records of patients treated at the Faculty of Dentistry of the Federal University of Rio Grande do Sul, Brazil, between 2009 and 2014 were reviewed. Data extraction consisted of demographic characteristics, gingivitis, visible plaque, coronal caries experience and caries activity status. Occlusal sound surfaces were also included in the analysis. The score of occlusal surfaces of permanent teeth was collected from the first and last patient’s assessment (mean time between assessments: 13 months). Logistic regression models were used for data analysis. A total of 12,802 records were analyzed. Of them, 901 records presented at least one inactive non-cavitated lesion and were enrolled in the study. A total of 2,164 inactive non-cavitated lesions were identified, and the majority of them remained unchanged (85.77%, n = 1,856). The following changes were also recorded: 198 (9.15%) inactive cavitated lesions, 13 (0.60%) active non-cavitated lesions, 26 (1.20%) active cavitated lesions, 46 (2.13%) filled surfaces, 1 (0.05%) sealed surfaces, 2 (0.09%) crowns, and 22 (1.02%) missing surfaces. Higher DMF-S scores and a positive caries activity status were statistically significantly associated with diagnosis changes of inactive non-cavitated lesions (P<0.05). Inactive non-cavitated lesions in occlusal surfaces presented a lower risk of progression to active lesions in relation to sound surfaces in patients with a positive caries activity status (presence of at least one active caries lesion) (P<0.05). In conclusion, the majority of inactive non-cavitated caries lesions remained unchanged in the course of time. Caries experience and caries activity status were risk indicators for diagnosis changes of inactive non-cavitated caries lesions.