Mobilização e transporte de conchas bivalves sob a ação de correntes

Abstract

No registro geológico, depósitos bioclásticos constituídos por conchas de diversas espécies ocorrem, por vezes, através do transporte posterior à morte desses organismos. Em muitos casos é atribuído à ação de correntes como o mecanismo trativo que carreou este sedimento. Com intuito de aprimorar o estado da arte de como conchas bivalves se comportam frente à ação de correntes, foram executados experimentos físicos em canais de laboratório que objetivaram determinar como as conchas orientam-se quando transportadas por este fenômeno e, também, relacionar a magnitude do escoamento necessária para carrear conchas de diferentes formas e tamanhos. Foi executada uma série de experimentos, na qual diferentes indivíduos representantes das espécies bivalves Anomalocardia brasiliana, Codakia, Diplodonta punctata e Divaricella quadrisulcata foram submetidos à ação do escoamento. E uma segunda série de experimentos, onde um leito de conchas, composto, apenas, pela espécie Anomalocardia brasiliana, foi submetido à ação de igual fenômeno. Este estudo demonstrou que as conchas, quando posicionadas com a convexidade para cima e com o umbo voltado contra o sentido da corrente, são mobilizadas a menores magnitudes do que quando o umbo está direcionado a favor do escoamento. Constatou-se, também, que espécies assimétricas, com um eixo mais alongado, quando transportadas por correntes, frequentemente, apontam o umbo da valva direita para a margem direita do escoamento e o umbo da valva esquerda para a margem esquerda (observador olhando para jusante). Os resultados deste estudo buscaram colaborar com o entendimento necessário para se estimar e determinar magnitudes e sentido cinemático de paleocorrentes em ambientes deposicionais com presenças de conchas bivalves.

On geologic record, bioclastic deposits made up by shells of several species occur by postmortem transportation of this organisms. In so many cases a transport mechanism appointed to be responsible for this deposits are water currents. In order to enhance the state of the art of how bivalve shells behave when they undergo the action of currents, physical experiments were performed in laboratory flumes that aimed to determine how the shells are guided when transported by this phenomenon and also to relate the magnitude of the flow required to entrainment shells of different shapes and sizes. A series of experiments was carried out in which different individuals representing the bivalve species Anomalocardia brasiliana, Codakia, Diplodonta punctata and Divaricella quadrisulcata underwent the flow action. And a second series of experiments, in which a bed of shells, composed only by the species Anomalocardia brasiliana, was tested to the same phenomenon. This study demonstrated that the shells, when are in a convex-up position and umbo facing to upstream, are entrainment at lower magnitudes than with umbo pointing to downstream. It was also observed that asymmetric species, with a more elongated axis, when moved by currents, frequently point the right valve umbo to the right margin of the flow and the left valve umbo to the left margin (observer looking to downstream). The results of this study collaborated with the necessary understanding to estimate and determine magnitudes and kinematic direction of paleocurrent in depositional environments with bivalve shells presence.