Estudos sobre distribuição e morfologia de Gloeotrichia natans (Cyanoprokaryota, Nostocales)

Abstract

Gloeotrichia natans Rabenhorst ex Bornet et Flahault é uma espécie de cianobactéria epífita, descrita inicialmente para ambientes temperados europeus, com distribuição cosmopolita e ocorrência não muito comum. A partir de um novo registro da espécie para o Rio Grande do Sul, Brasil, iniciaram-se estudos sobre a variabilidade fenotípica e distribuição geográfica da espécie. Os talos estudados foram encontrados na Área de Proteção Ambiental do Ibirapuitã (55º29’W a 55º53’W e 29º05’S a 30º51’S), inserida no Pampa do Rio Grande do Sul. O material analisado foi coletado manualmente em corpos d’água próximos ao rio Ibirapuitã, em março de 2011 e 2012, e novembro de 2011, crescendo sobre macrófitas em um banhado e em uma lagoa marginal (Alegrete), onde também foi encontrada entre gramíneas na zona litoral deste corpo d'água , e em um arroio (Sant’Ana do Livramento). As amostras foram fixadas em solução de formol (4%) e incorporadas ao herbário Prof. Dr. Alarich R. H. Shultz (HAS) do Museu de Ciências Naturais da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. O registro da morfologia e das dimensões das populações de Gloeotrichia natans foi realizado em microscópio óptico e as medidas tomadas com auxílio de escala micrometrada acoplada à ocular. Os espécimes foram fotografados com câmera digital. Os estudos de distribuição geográfica da espécie foram realizados por meio de pesquisa bibliográfica em literatura especializada. Análises morfométricas e sobre aspectos ecológicos foram complementadas com os estudos bibliográficos. Gloeotrichia natans mostrou extensa variabilidade fenotípica, com ampla diversidade de forma, número e tamanho de heterocitos e acinetos, bem como da construção dos tricomas. As populações estudadas assemelham-se mais com as descritas para a América do Sul. Levantamento bibliográfico confirmou a distribuição cosmopolita da espécie, embora esta não seja comum. A espécie possui um grande potencial econômico como biofertilizadora para o cultivo de arroz, devido à sua elevada capacidade de fixação de nitrogênio atmosférico, que carece de estudos no Brasil.