Artistando e educando : um estudo a partir das perspectivas de quem dança e faz dançar

Abstract

Como se dão os fazeres no processo de autoconstrução de artistas e professores? Motivo para esse trabalho, tal questionamento fez com que se notasse a importância de gerar outros mais, consequentemente transformados em entrevista semiestruturada. Tendo como ponto de partida tais entrevistas, o objetivo geral da pesquisa é de reconhecer os movimentos realizados no decorrer dessa autoconstrução, de modo que seja possível analisar os arranjos e rearranjos, as escolhas e buscas, que traçam o caminho constitutivo de cada uma das entrevistadas. Na presente proposta, não só recusa-se a suposta neutralidade da pesquisadora em questão, mas também inclui-se a mesma como contribuinte na coleta de dados, ou seja, eu mesma, assumo também o papel de entrevistada nesse estudo. Nesse sentido, buscou-se inspiração na etnografia e autoetnografia. Foram escolhidas duas outras pessoas para serem entrevistadas, além de mim, são elas: Andrea López e Nicole Fischer. Para essa escolha, foram pré-estabelecidos os seguintes critérios: já estar exercendo as funções de artista e professor(a); querer e gostar de estar atuando nessas áreas; ter algum trabalho escrito reflexivo sobre suas práticas. O procedimento de realização das entrevistas ainda envolveu a gravação e transcrição destas. Além disso, foi solicitado às participantes autorização para desvelarem suas identidades através de um termo de consentimento. A etapa seguinte consistiu em analisar essas entrevistas através de leitura minuciosa. Emergiram assim alguns temas de análise, os quais dão nome aos capítulos do trabalho: “Preparada e pronta: possíveis antônimos”; “O contemporâneo na arte e na educação: um olhar sobre as diferenças e possibilidades”; “Artistando e educando: vontade por entrelaçar”. Agrupar as informações acabou sendo um trabalho também bastante intuitivo, pois muitos assuntos poderiam entrar em mais de uma temática. De um trabalho que se propõe a perguntar mais do que responder, sobram ainda outras questões e vontades. As importâncias de todo o texto residem então nas ideias possíveis de que somos construtores de nós mesmos. Que podemos buscar nos preparar, nos transformar, sempre, em processo contínuo de fabricação de si, de artistar a vida, de educar-se. Dessa forma, pode-se também buscar outras e mais ferramentas para o aprimoramento de nossos fazeres, em comunhão com tudo aquilo que está para além da forma e do conteúdo, de modo a acreditar na potência educativa e artística de nossos cotidianos. Contemporaneamente, posicionarmo-nos de forma crítica e questionadora, no intuito de problematizar, se faz tarefa importante no caso de querermos acompanhar essa perspectiva. Em tudo, o exercício ou a vontade de entrelaçar arte e educação está para o esforço de segmentar cada vez menos nossas ações/pensamentos, sem ignorar a importância das divisórias, utilizando-se delas também, mas buscando o conjugar como tarefa humanizadora. Entender como a própria vida os nossos fazeres, tornará mais fácil a não segmentação entre o “prazer” e o “trabalho”, por exemplo, entre o que “queremos” e o que “devemos”. Nossas escolhas viram lindas, responsáveis e sérias brincadeiras.