Autonomia na sala de aula : a sala de aula como espaço de construção de autonomia intelectual

Abstract

A autonomia, de acordo com Constance Kamii (1997), carrega sentido da capacidade de governar a si mesmo. Essa capacidade envolve aspectos como discernimento entre certo e errado, iniciativa e movimento intelectual a partir de elementos pertinentes à construção da autonomia. Diversos estudos têm sido realizados e a discussão sobre o assunto é algo que têm merecido a atenção de diversos autores. As situações em que podemos identificar, por parte dos professores, incentivo à autonomia ou manutenção da heteronomia e, por parte dos alunos, presença ou ausência de autonomia se revelam no cotidiano da escola. Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi identificar essas situações nesse ambiente procurando inferir suas prováveis causas e consequências. Os objetos de estudo foram fragmentos de textos extraídos de relatos de estagiários sobre suas práticas docentes. Esses fragmentos tiveram seu conteúdo analisado e foram categorizados qualitativamente, conforme proposto por Bardin (1979). As categorias em que foram alocados os trechos foram delineadas baseadas em Bernard Charlot e Constance Kamii e ainda, na experiência docente e discente da autora desse trabalho. A análise quantitativa revelou a recorrência de atitudes heterônomas dos alunos, a despeito do grande número de práticas incentivadoras de autonomia adotadas pelos professores. Revelou ainda a dificuldade de identificar ações autônomas, por parte dos alunos, em meio àquelas que podem ser confundidas com conformidade cega (Kamii, 1997). O enfoque qualitativo revela a importância do planejamento no processo de construção da autonomia. Não um planejamento qualquer, mas flexível e sensível às dificuldades e intervenções dos alunos.

Autonomy, according to Constance Kamii (1997), carries the sense of ability to govern themselves. This ability involves aspects such as discerning between right and wrong, initiative and intellectual movement based on relevant elements to the construction of autonomy. Several studies have been conducted and the discussion on the subject is something that has attracted the attention of many authors. The situations in which we can identify, as for the teachers group, encouraging of autonomy or the maintenance of heteronomy and, considering the students group, the presence or absence of autonomy are shown in daily situations at school routine. Thus, the objective was to identify those situations in this ambient trying to infer their probable causes and consequences. The subjects of this work were fragments of texts extracted from trainee teachers' reports about their practices. These fragments were analyzed and their contents were categorized qualitatively as proposed by Bardin (1979). The categories that were allocated in the excerpts were delineated based on Bernard Charlot and Constance Kamii and on the student and teaching experience of the author of this work. Quantitative analysis revealed a recurrence of heteronomous attitudes of students, despite the large number of practices that encourage autonomy adopted by the teachers. Also revealed the difficulty of identifying individual actions from students, among those that may be misidentified like blind conformity (Kamii, 1997). The qualitative approach reveals the importance of planning in the process of building autonomy. Not any planning, but flexible and sensitive to the difficulties and student participation.