O papel do farmacêutico na adesão ao tratamento de pacientes com coinfecção tuberculose e vírus da imunodeficiência humana

Abstract

A coinfecção por tuberculose (TB) e vírus da imunodeficiência humana (HIV) representa um desafio complexo e persistente para os sistemas de saúde, especialmente no que diz respeito à adesão ao tratamento. A sobreposição dessas duas doenças potencializa riscos clínicos, agrava vulnerabilidades sociais e exige uma abordagem terapêutica integrada. Este trabalho teve como objetivo analisar o papel do farmacêutico nas estratégias voltadas à promoção da adesão terapêutica de pacientes coinfectados por TB e HIV. Trata-se de uma revisão da literatura, realizada com base em artigos científicos, diretrizes clínicas e protocolos publicados entre os anos de 2010 e 2025, nos idiomas português e inglês. A análise foi organizada em quatro categorias temáticas: (1) estratégias de adesão seguidas pelos farmacêuticos; (2) resultados clínicos associados à adesão; (3) desafios na implementação das estratégias; e (4) impacto do cuidado farmacêutico na qualidade de vida dos pacientes. Os achados apontam que a adesão ao tratamento é influenciada por múltiplos fatores, incluindo barreiras sociais, institucionais, culturais e individuais, e que a atuação do farmacêutico é essencial para enfrentá-los. O cuidado farmacêutico contribui significativamente para o fortalecimento do vínculo terapêutico, o monitoramento da farmacoterapia e a promoção da educação em saúde, especialmente em contextos de alta vulnerabilidade. Além disso, a integração do farmacêutico às equipes multiprofissionais e a presença ativa em serviços como a Atenção Especializada têm se mostrado fundamentais para melhorar os desfechos clínicos e reduzir o risco de abandono terapêutico. Conclui-se que o fortalecimento das políticas públicas, da organização dos serviços de saúde e da assistência farmacêutica é indispensável para promover a adesão ao tratamento em pessoas vivendo com HIV e TB, assegurando cuidado integral, humanizado e centrado no paciente.

Tuberculosis (TB) and human immunodeficiency virus (HIV) coinfection represents a complex and persistent challenge for health systems, particularly regarding treatment adherence. The overlap of these two diseases amplifies clinical risks, exacerbates social vulnerabilities, and demands an integrated therapeutic approach. This study aimed to analyze the pharmacist's role in strategies aimed at promoting treatment adherence among patients coinfected with TB and HIV. It is a literature review based on scientific articles, clinical guidelines, and protocols published between 2010 and 2025, in Portuguese and English. The analysis was structured into four thematic categories: (1) adherence strategies employed by pharmacists; (2) clinical outcomes associated with adherence; (3) challenges in implementing these strategies; and (4) the impact of pharmaceutical care on patients' quality of life. The findings indicate that treatment adherence is influenced by multiple factors, including social, institutional, cultural, and individual barriers, and that the pharmacist plays a crucial role in addressing them. Pharmaceutical care significantly contributes to strengthening the therapeutic bond, monitoring pharmacotherapy, and promoting health education, especially in high-vulnerability settings. Moreover, the integration of pharmacists into multidisciplinary teams and their active presence in services such as Specialized Care have proven fundamental in improving clinical outcomes and reducing the risk of treatment abandonment. It is concluded that strengthening public policies, the organization of health services, and pharmaceutical care is essential to promote treatment adherence among people living with HIV and tuberculosis, ensuring comprehensive, humanized, and patient-centered care.