A lógica do capital e o ensino de química : uma análise crítica de práticas pedagógicas no brasil à luz de mészáros

Abstract

Este trabalho analisa a tensão entre as propostas de um ensino de Química contextualizado e crítico no Brasil e a lógica reprodutora do sistema do capital, conforme teorizada por István Mészáros em "A Educação para Além do Capital". A pesquisa investiga se as práticas pedagógicas inovadoras no ensino de Química, que buscam promover a cidadania e a consciência socioambiental, representam uma real ruptura com o sistema ou se operam como "margens corretivas" que, em última análise, não desafiam suas estruturas fundamentais de alienação e exploração. A estratégia é utilizar a crítica de Mészáros como uma lente teórica para avaliar o alcance e os limites de diversas abordagens pedagógicas documentadas em artigos acadêmicos, encontradas na revista QNEsc. A técnica utilizada consiste na análise crítica de um corpus de pesquisas e relatos de experiência da área de Ensino de Química, confrontando suas premissas e resultados com os conceitos mészárianos de internalização de valores, fragmentação do saber e alienação. A análise contrapõe propostas sobre temas como agrotóxicos, alimentos funcionais, sustentabilidade, tecnologia e o uso de recursos como a arte e a história. Conclui-se que, embora as iniciativas de ensino contextualizado sejam avanços inegáveis sobre o modelo tradicional, muitas permanecem nos limites de uma reforma, visando formar cidadãos e consumidores mais conscientes dentro da lógica do sistema. Contudo, aponta-se que algumas práticas, como a valorização de saberes não hegemônicos (indígenas) e a crítica ao modo de produção alienado (pão de fermentação natural), indicam um caminho mais radical. A conclusão é que a educação só se torna verdadeiramente emancipadora quando transcende a sala de aula e se funde com uma práxis política que busca a superação do capital, transformando o conhecimento em ferramenta para a construção de uma "contraconsciência" e de uma nova ordem social.

This work analyzes the tension between the proposals for a contextualized and critical Chemistry teaching in Brazil and the reproductive logic of the capital system, as theorized by István Mészáros in "Education Beyond Capital". The central problem investigates whether innovative pedagogical practices in Chemistry teaching, which seek to promote citizenship and socio-environmental awareness, represent a real rupture with the system or if they operate as "corrective margins" that, ultimately, do not challenge its fundamental structures of alienation and exploitation. The main objective is to use Mészáros's critique as a theoretical lens to assess the scope and limits of various pedagogical approaches documented in academic articles, found in the QNEsc magazine. The technique used consists of a critical analysis of a corpus of research and experience reports from the field of Chemistry Education, confronting their premises and results with the Mészárian concepts of value internalization, knowledge fragmentation, and alienation. The analysis contrasts proposals on themes such as pesticides, functional foods, sustainability, technology, and the use of resources like art and history. It is concluded that, although contextualized teaching initiatives are undeniable advances over the traditional model, many remain within the limits of a reform, aiming to form more conscious citizens and consumers within the logic of the system. However, it is pointed out that some practices, such as the appreciation of non-hegemonic knowledge (indigenous) and the critique of the alienated mode of production (natural fermentation bread), indicate a more radical path. The final conclusion is that education only becomes truly emancipatory when it transcends the classroom and merges with a political praxis that seeks the overcoming of capital, transforming knowledge into a tool for the construction of a "counter-consciousness" and a new social order.