Pela perturbação de si : articulações entre psicanálise e teoria queer

Abstract

A presente pesquisa constitui em uma reflexão sobre a noção de identidade para as teorias queer e psicanalítica, tomando como método a autoteoria, escrita ficcional que justapõe episódios de vida e construções teóricas. Busco, por meio desta investigação, explorar – mas sem encerrar – o seguinte problema de pesquisa: “Quais são os caminhos pelos quais as teorias queer e psicanalítica colocam em movimento o debate sobre a noção de identidade?”. Para tanto, aventuro-me pelas incursões psicanalíticas ao redor do termo identidade e pelo conceito butleriano de performatividade no que se refere às categorias de gênero, identidade e sujeito. Por fim, discuto como possibilidade de interlocução entre ambas as teorias pesquisadas as proposições de J. L. Austin em relação os atos de fala, apostando na ideia de que psicanálise e teoria queer oferecem alternativas para, no lugar de abandonar a noção identidade, estranhá-la e transmutá-la, propondo uma perspectiva que não a considere enquanto fixa e imutável, mas enquanto múltipla, transitória e irreverente.

The present research constitutes a reflection on the concept of identity within queer and psychoanalytic theories, employing autotheory as a method—a fictional writing that juxtaposes life episodes and theoretical constructions. Through this investigation, I aim to explore—without conclusively closing—the following research question: "What paths do queer and psychoanalytic theories take to set in motion the debate on the notion of identity?". To do so, I venture into psychoanalytic inquiries around the term "identity" and the Butlerian concept of performativity concerning gender, identity, and subject categories. Finally, I discuss the potential for dialogue between both researched theories and J. L. Austin's propositions regarding speech acts, advocating the idea that psychoanalysis and queer theory offer alternatives to, instead of abandoning the concept of identity, making it strange and transmuting it. This suggests a perspective that does not consider identity as fixed and immutable but as multiple, transient, and irreverent.