Pics e odontologia : como se relacionam e o acesso ao serviço no sus

Abstract

As Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) estão presentes como Política Nacional no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006, no entanto ainda são pouco ofertadas nos sistemas de saúde e muito menos abordadas no ambiente acadêmico dos cursos de graduação em saúde, principalmente na Odontologia. O acesso e o uso desse serviço por parte da população no SUS pode estar associado a diversos fatores como a falta de oferta no serviço, a falta de conhecimento dos profissionais, além dos fatores sociodemográficos. Os objetivos deste trabalho foram revisar a literatura para verificar como este tema se insere na formação em Odontologia, bem como analisar o acesso e o uso das PICS pela população brasileira através dos dados públicos da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019. Este trabalho trata de uma revisão narrativa (RN) da literatura e de um estudo observacional transversal. A RN buscou informações sobre as PICS e sua relação com a Odontologia, o estudo transversal foi realizado utilizando dados públicos da PNS 2019. A variável desfecho foi a utilização ou não das PICS nos últimos doze meses. As principais variáveis explicativas foram autoavaliação de sáude, idade, sexo, raça/cor, presença de doença crônica, posse de plano de saúde e consulta ao dentista. As frequências absolutas e relativas das PICS de acordo com a modalidade e as formas de financiamento foram estimadas. As análises bivariadas com os pesos amostrais foram realizadas entre a variável desfecho e cada covariável para testar sua associação, utilizando o teste do Qui-Quadrado de Pearson. O odds ratio (OR) e os respectivos intervalos de confiança (IC95%) foram estimados através de análises de regressão logística binária utilizando o efeito de amostragem complexa no software R. Os resultados obtidos foram de que 4,6% da população fez uso das PICS nos últimos 12 meses e o SUS, como tipo de financiamento, foi utilizado apenas por 4,2% desta população. As PICS mais utilizadas foram Fitoterapia/Plantas Medicinais e Acupuntura. A maior utilização das PICS foi pelos indivíduos que relataram pior autoavaliação de saúde, por mulheres, por pessoas de maior idade, por pessoas com que declararam ter alguma doença crônica, indivíduos que possuíam plano privado de saúde e que consultaram dentista no último ano. É relevante considerar os fatores socioculturais associados às PICS que podem explicar o seu uso. O pouco ensino das PICS nos cursos de graduação em Odontologia e nos outros cursos da saúde além da sua regulamentação pelos Conselhos podem explicar a falta dos recursos humanos especializados na implementação dessas práticas no SUS. Mais estudos na área devem ser feitos para investigar como a Odontologia se aproxima das PICS, bem como reforçar o papel dos cirurgiões-dentistas para a garantia do cuidado integral dos indivíduos e para o fortalecimento das PICS no SUS.

CComplementary and Alternative Medicine (CAM) are present as a National Policy in the Unified Health System (SUS) since 2006, however they are still poorly offered in health systems and even less addressed in the academic environment of undergraduate health courses, especially in Dentistry. The access and use of this service by the population in the SUS may be associated with several factors such as the lack of supply in the service, the lack of knowledge of professionals, in addition to sociodemographic factors. The objectives of this paper are to review the literature to verify how this field fits into the education and practice of Dentistry, as well as to analyze the access and use of CAMs by the Brazilian population through public data from the National Health Survey (PNS) 2019. This paper is organized as a narrative review (RN) of the literature and a transversal observational study. The RN sought information about CAMs and its relationship with Dentistry and the transversal study was carried out using public data from the PNS 2019. The outcome variable was the usage or not of CAMs in the last twelve months. The main explanatory variables were self-rated health, age, sex, race/color, presence of chronic disease, possession of health insurance and dental visits. The absolute and relative frequencies of usage of CAMs according to the modality and forms of financing were estimated. Bivariate analysis with sample weights were performed between the outcome variable and each covariate to test their association, using Pearson's chisquare test. The odds ratio (OR) and the respective confidence intervals (95%CI) were estimated through binary logistic regression analysis using the complex sampling effect in the R software. The results obtained were that 4.6% of the population used CAMs in the last twelve months and SUS, as a financing method, was used by only 4.2% of this population. The most used CAMs were Phytotherapy/Medicinal Plants and Acupuncture. The higher usage of CAMs was done by individuals who reported worse selfrated health, by women, by older people, by people who reported having a chronic disease, individuals who had a private health insurance plan and who consulted a dentist in the last year. It is relevant to consider the sociocultural factors associated with CAMs that may explain their usage. The lack of education of CAMs in undergraduate courses in Dentistry and in other health courses, in addition to its non-regulation by the Councils, may explain the lack of specialized human resources in the implementation of these practices in the SUS. Further studies in the area should be carried out to investigate how Dentistry approaches CAMs, as well as to reinforce the role of dentists to ensure the integral care of individuals and to strengthen the CAMs presence in the SUS.